13 de setembro de 2013 - 09h36
A taxa global de mortalidade de menores de cinco anos caiu para metade desde 1990, mas sem reduzir mais rapidamente doenças evitáveis, o quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milénio só será cumprido em 2028, 13 anos depois do prazo.
Esta é a principal conclusão do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no seu relatório anual sobre a situação mundial da infância, intitulado “Compromisso para a Sobrevivência Infantil – Uma Promessa Renovada”, segundo o qual o falhanço neste objetivo significa que morrerão entre 2015 e 2028 35 milhões de crianças que poderiam sobreviver se o mesmo fosse cumprido a tempo.
Segundo o documento, a que a Lusa teve acesso, para o cumprimento do quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM 4), que pretendia reduzir a taxa global de mortalidade de crianças menores de cinco anos em dois terços entre 1990 e 2015, o ritmo da redução teria de quadruplicar entre 2013 e 2015.
E mesmo que o mundo conseguisse atingir o ODM 4 dentro do prazo, morreriam, ainda assim, 15 milhões de crianças com menos de cinco anos entre 2013 e 2015, a maioria delas de causas evitáveis, indica o relatório.
“Para atingir o ODM 4 até 2015, mais 3,5 milhões de vidas infantis têm de ser salvas entre 2013 e 2015”, além das que serão salvas se se mantiver a atual taxa de redução da mortalidade de menores de cinco anos, sublinha a UNICEF.
Neste momento, só duas regiões - Ásia Oriental e Pacífico e América Latina e Caraíbas – mantêm o ritmo necessário para cumprir a meta de 2015 do ODM 4.
De acordo com a agência especializada da ONU, dos 6,6 milhões de mortes de menores de cinco anos em 2012, a maioria deveu-se a causas evitáveis, como pneumonia, diarreia e malária, e cerca de 44 por cento das mortes de crianças com menos de cinco anos ocorreram em recém-nascidos.
Embora tenha havido avanços no combate às doenças infantis, a pneumonia e a diarreia continuam a ser as principais causas de morte infantil abaixo dos cinco anos, matando quase 5.000 crianças por dia.
Tratam-se de doenças que proliferam em meios pobres e a sua distribuição é altamente concentrada, com três quartos das mortes por pneumonia e diarreia a ocorrer em apenas 15 países.
A malária continua também a ser uma importante causa de mortalidade infantil, matando 1.200 crianças com menos de cinco anos por dia. Mantém-se fortemente concentrada na África Subsariana, onde é responsável por 14 por cento das mortes infantis, apesar de grandes evoluções em intervenções salvadoras de vidas nos últimos anos.
As boas notícias, frisa a UNICEF, são que a experiência de alguns países demonstra que é possível maior rapidez nos progressos em doenças infantis evitáveis nos países com todos os níveis de rendimento e em todas as regiões do mundo.
Alguns dos países mais pobres do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB) registaram os maiores avanços em sobrevivência infantil: sete países com elevada mortalidade (Bangladesh, Etiópia, Libéria, Malawi, Nepal, Timor-Leste e Tanzânia) já reduziram as suas taxas de mortalidade de menores de cinco anos em dois terços desde 1990.
Seis destes países têm um PIB reduzido, refere o relatório, o que prova que a pobreza de um país não constitui uma barreira para se obter maiores e mais rápidos resultados em matéria de sobrevivência infantil.
Outros 18 países com elevada mortalidade infantil também conseguiram já reduzir pelo menos para metade a sua taxa de mortalidade de menores de cinco anos no mesmo período.
“Estes exemplos mostram que é possível reduzir acentuadamente a morte de crianças, mesmo partindo de taxas elevadas e nos locais mais pobres, quando a ação concertada, estratégias sanitárias, recursos adequados e a vontade política são consistentemente aplicadas em defesa da saúde materna e infantil”, defende a UNICEF.

Lusa