Na comemoração de mais um Dia Mundial do Coração – que se assinala a 29 de setembro – a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) alerta para os perigos do excesso de peso e da obesidade nos adolescentes, acrescentando que cabe a todos corrigir um caminho que pode levar a novo agravamento dos indicadores das doenças cardiovasculares.

Já teve o estatuto de epidemia do século e embora os números tenham estabilizado nos últimos anos, os cardiologistas continuam preocupados com a evolução que a Obesidade infantojuvenil tem denotado, um problema que é grave em Portugal uma vez que temos dos níveis mais elevados da União Europeia em excesso de peso e obesidade.

Em Portugal, as raparigas são as mais afetadas por este problema de saúde pública, mas a magnitude do problema é muito semelhante nos rapazes. Mais de 27% das raparigas têm excesso de peso e mais de 10% têm obesidade. Por seu lado, entre os rapazes, quase 29% tem excesso de peso e 9% obesidade.

Não consumir demasiado açúcar, refrigerantes, sal e gorduras evita o aumento do risco cardiovascular. São ingredientes que poderão ser substituídos por uma alimentação rica em fruta e vegetais, o que tem efeito significativo na prevenção de doenças cardiovasculares, incluindo o AVC.

Miguel Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, reconhece a importância deste problema e considera que cabe não só à sociedade em geral (incluindo a escola) e aos pais lutar contra esta epidemia, mas os próprios jovens, "que têm cada vez mais informação ao seu dispor e liberdade de ação devem usá-las para fazerem escolhas pessoais saudáveis".

Combinar alimentação saudável com exercício físico

Para combater este cenário, que ameaça a qualidade e a esperança média de vida dos jovens portugueses, a SPC coloca ênfase na importância de uma alimentação equilibrada aliada à prática de exercício físico.

"Não consumir demasiado açúcar, refrigerantes, sal e gorduras evita o aumento do risco cardiovascular. São ingredientes que poderão ser substituídos por uma alimentação rica em fruta e vegetais, o que tem efeito significativo na prevenção de doenças cardiovasculares, incluindo o AVC", explica o especialista.

Do lado do exercício físico, a SPC lembra que não é obrigatório fazer desporto ou esforços físicos violentos. Basta adoptar um estilo de vida ativo que, por si só, já tem resultados muito significativos na prevenção das doenças do coração: Subir, realizar as tarefas domésticas ou jardinagem, optar por se deslocar a pé ou de bicicleta para a escola ou para o trabalho são conselhos dos cardiologistas para esta data que está muito próxima do início do ano escolar, momento que pode proporcionar uma mudança de comportamentos.

A Doença Cardiovascular continua a ser a que mais mata em Portugal. Englobando a doença cardíaca e o acidente vascular cerebral, é a primeira causa de morte no Mundo e também em Portugal.

A tendência na mortalidade por esta causa tem registado uma acentuada diminuição na última década, mas ainda assim vitima todos os anos cerca de 33 mil portugueses, mais 8 mil do que o cancro nas suas várias formas e mais 20 mil do que as doenças respiratórias.

A Organização Mundial de Saúde defende que 75% destas mortes podem ser evitadas pela prevenção: 75% das mortes prematuras que ocorrem devido a doença cardíaca e AVC podem ser evitadas através de uma abordagem ativa contra os seus fatores de risco, nomeadamente: hipertensão arterial, hipercolesterolémia, tabagismo, diabetes, obesidade e inatividade física.

Apesar da melhoria destes indicadores ao longo dos últimos anos, os cardiologistas realçam que continua a haver necessidade de fazer baixar os números da mortalidade cardiovascular, e por isso sublinham que é imperioso não baixar a guarda.

A maioria das mortes por doença cardiovascular podem ser evitadas e prevenidas. Os indivíduos, as famílias, a escola, as empresas, a comunidade e as entidades governamentais devem trabalhar de forma concertada para diminuir as consequências negativas da doença cardiovascular na saúde física e emocional dos indivíduos e o seu impacto económico ao nível da sociedade.