O que parou o ultramaratonista depois de três dias e três noites de corrida ininterrupta foi o sono e não o cansaço. "Depois de correr mais de 500 quilómetros em 81 horas sem parar, acho que encontrei o meu limite. Passei duas noites sem dormir e estava bem, mas, na terceira, comecei a alucinar", conta Dean Karnazes à BBC.

Este atleta completou 50 maratonas - cada trajeto tem cerca de 42 quilómetros - em 50 dias. E também já percorreu 217 km no Vale da Morte, na Califórnia, com temperaturas próximas dos 50ºC, assim como passou pelo Polo Sul, onde o termómetro marca quase sempre 25ºC negativos.

O que diferencia Karnazes da maioria dos seres humanos é que, para ele, não há limiar anaeróbio láctico que o restrinja - o limiar anaeróbio láctico é o limite da capacidade do corpo em remover o ácido láctico e evitar a sua acumulação no sangue e músculos, processo que gera a sensação de exaustão.

Por algum defeito genético, Dean Karnazes não se cansa nem tem câimbras. Para ele, o limite não é físico, é somente mental.

Karnazes não fazia ideia do que se passava com o próprio corpo até ao dias em que fez 30 anos. "Estava num bar, a fazer o que fazemos na noite de aniversário: beber copos com amigos", recorda.

Tinha um cargo de topo numa seguradora, mas sentia-se miserável, contou ao programa da "Incredible Medicine: Dr Weston's Casebook", transmitido pela BBC. Foi então que, de repente, saiu do bar. "Bêbedo, corri 48 quilómetros no meio da noite", disse. Enquanto corria, diz Karnazes, sentiu-se realmente com vida.

Dean Karnazes possuiu uma herança genética que permite a presença, além de mais glóbulos vermelhos, de enzimas e mitocôndrias com maior capacidade, o que significa que os seus músculos têm oxigénio e nunca se cansam. Excepto o cérebro.

Os 10 desportos mais completos e saudáveis