“Não à convergência porque é uma indecência”, “queremos uma ordem, não uma desordem” ou “profissões diferentes não são convergentes”, gritavam os profissionais à porta da sede da Ordem dos Nutricionistas.

A Ordem dos Nutricionistas, que atualmente regula as profissões de nutricionista e dietista, iniciou o processo de convergência das profissões, fazendo com que desapareça a de dietista, após ter sido intimada pela Assembleia da República.

Nutricionista desde 2012, Maria Maia está contra a “fusão” das duas profissões, porque são diferentes.

“Nós, nutricionistas, somos técnicos superiores de saúde e eles, dietistas, técnicos de diagnóstico. São profissões que se complementam, por isso, ambas necessárias”, disse.

Maria Maia explicou que, na prática, os nutricionistas avaliam os doentes, prescrevem planos alimentares e a terapêutica nutricional, já os dietistas exercem funções ao nível da dietética.

“Esta proposta de convergência de profissões tem sido feita sem qualquer transparência e sentimos que a ordem não nos defende”, frisou.

Na opinião de Bárbara Nogueira, recém-licenciada em nutrição, a convergência das duas profissões vem reduzir as ofertas no mercado de trabalho.

O que a ordem pretende é que um dietista passe a ser nutricionista, através de uma “passagem administrativa e não académica”, prejudicando quem andou anos a estudar numa universidade.

Dizer que os dietistas podem ser iguais aos nutricionistas, equivale a dizer que os técnicos de farmácia podem ser farmacêuticos, exemplificou.

Considerando o descontentamento legítimo, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas afirmou que a fusão das duas profissões é a “melhor solução”.

Na opinião de Alexandra Bento, a convergência das profissões garantirá a estes profissionais uma “maior representatividade” no mercado de trabalho e nos órgãos do governo, conferindo-lhes uma maior força reivindicativa na resolução dos problemas que afetam a classe.

A responsável lembrou que a proposta de extinguir a profissão de dietista, mantendo-se apenas a de nutricionista, foi feita pela Assembleia da República, pelo Governo e pelo provedor de Justiça.

Este processo de junção que, segundo a bastonária, engrandecerá a ordem, será feito através de uma “harmonização” da formação.

Alexandra Bento mostrou-se disponível para receber os manifestantes, mas estes recusaram.