"Eu nunca aceitaria ser doente de um médico que estivesse disposto a matar", declarou Germano de Sousa durante um encontro com jornalistas promovido pelo movimento cívico Stop Eutanásia.

Para o antigo bastonário, caso a eutanásia seja despenalizada, terá de ser divulgada pela Ordem dos Médicos a lista dos profissionais que estariam dispostos a praticá-la. "Se a eutanásia for aprovada, quem quererá ser o Dr. Morte português? Que doente confiará nele?", questionou Germano de Sousa.

O médico e antigo responsável da Ordem considera que "quem quer fazer aprovar leis sobre a eutanásia é gente profundamente egoísta". "Estes senhores deputados que defendem a eutanásia é gente que na realidade é frágil e tem medo de encarar o sofrimento dos outros", acrescentou.

Germano de Sousa manifestou-se ainda contra o que considera ser a arrogância dos partidos que pretendem legalizar a eutanásia sem o terem proposto aos eleitores nos seus programas de Governo. Sobre os deputados que se dizem contra o referendo, o antigo bastonário compara-os ao "Dr. Salazar".

Eutanásia é sintoma de uma sociedade altamente egoísta

Germano de Sousa julga que seria preferível nem levar o assunto a referendo, mas considera que será uma alternativa melhor do que a aprovação da lei sem consulta aos portugueses. O médico considera que a eutanásia é "apenas sintoma de uma sociedade altamente egoísta", frisando a ideia de que atualmente "é possível tirar completamente a dor a quem sofre". Durante o encontro com jornalistas, o movimento Stop Eutanásia exibiu dados sobre a realidade em países com legislação que permite a morte assistida.

Segundo os números apresentados, na Holanda os casos de eutanásia triplicaram em 12 anos e na Bélgica aumentaram cinco vezes numa década.