“É o Serviço Nacional de Saúde a ser desmantelado”, é assim que José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos descreve a situação à RTP.

A maioria dos profissionais corre atrás de um salário muito acima da média nacional, mas também em busca de reconhecimento. Inglaterra, França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Noruega são os principais destinos.

O pessoal médico sente-se desconsiderado, queixa-se das más condições de trabalho, da falta de perspetivas e motivação. “O SNS (Serviço Nacional de Saúde) paga oito euros limpos à hora, um valor que não remunera minimamente o risco da profissão, a complexidade, as noites e a entrega dos médicos”, denuncia o bastonário da Ordem dos Médicos, cita a referida estacão de televisão.

A RTP noticia ainda o caso de um médico especialista que trabalhava no Hospital Amadora-Sintra que foi dispensado por razoes economicistas e que vai agora chefiar em Inglaterra uma equipa de radiologia de intervenção, a sua aérea de especialização.

“Estamos a gastar milhares [de euros] para depois exportar a custo zero. Somos uma espécie de África da Europa a exportar cérebros”, comentou.

Arábia Saudita paga até 11 mil euros

Ainda no final de outubro, soube-se que cerca de 200 médicos portugueses, que trabalham no público, no privado ou estão reformados, candidataram-se a hospitais da Arábia Saudita.

Lá, o ordenado pode ir até aos 11 mil euros por mês, está isento de impostos e os profissionais ainda têm direito a alojamento pago para a família, seguro de saúde familiar, 44 dias de férias e viagens pagas.

O grupo de hospitais do Ministério da Saúde da Arábia Saudita e do Al-Mouwasat Medical Services Co, com unidades na Arábia Saudita, Kuwait, Jordânia e Emirados Árabes Unidos vem a Portugal, nos dias 7 e 8 de dezembro, para entrevistar e contratar 30 médicos portugueses - com experiência mínima de três anos pós-especialidade em 15 áreas, como cirurgia geral, ortopedia, obstetrícia e ginecologia, anestesiologia, neurocirurgia, cirurgia plástica, entre outras.