Na primeira década do século XXI, o número de doentes com cancro aumentou. De acordo com as conclusões de um estudo do Registo Oncológico Regional-Sul, que vai ser apresentado hoje nas XXIV Jornadas ROR-Sul em Lisboa e a que a Prevenir e o SAPO Lifestyle já tiveram acesso, as estatísticas aumentaram. «Não é uma tendência crescente sumária. É uma tendência crescente acentuada, porque nós temos uma população envelhecida», justifica Ana Miranda, diretora do organismo.

Em termos comparativos, também não existem simetrias entre homens e mulheres. «A tendência é crescente tanto para uns como para outros», assegura a especialista. Nos homens, o tumor com maior incidência está na origem do cancro da próstata, seguido do do pulmão. O que atinge os pulmões é, no entanto, o que mais mata, seguido de perto pelo colorretal.

Na população feminina, o cancro que mais preocupa é o da mama. Ainda assim, as notícias não são desanimadoras. «Temos, de facto, uma taxa de sobrevivência muito boa, coisa que não se passa no tumor do cólon, que nos está a chegar ainda em estádios muito avançados», lamenta a médica. «Não houve qualquer mudança na sobrevivência no tumor colorretal nesta última década», garante.

No caso do linfoma não-Hodgkin, outro dos avaliados, a evolução tem sido positiva. «Passámos de uma taxa de sobrevivência de 53% a cinco anos em todos os grupos etários para 61%. É uma melhoria substancial», sublinha Ana Miranda. O Registo Oncológico Regional-Sul, que abrange as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Madeira, cerca de metade do país, monitoriza uma população de 4,8 milhões de habitantes.

Texto: Luis Batista Gonçalves