12 de maio de 2014 - 15h40
O número de interrupções da gravidez por opção da mulher foi, no ano passado, o mais baixo desde que a despenalização do aborto está em vigor, segundo um relatório divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Em 2013 registaram-se 17.414 interrupções da gravidez (IG) por opção, menos 6,5% do que no ano anterior, quando já se verificava uma tendência decrescente.
“Em 2010 e 2011 registou-se uma estabilização dos números de IG realizadas. E nos dois últimos anos tem-se assistido à sua diminuição”, refere o documento divulgado no site da DGS.
Desde que a legislação que despenalizou o aborto entrou em vigor, assistiu-se a uma diminuição de 3,5% das interrupções da gravidez por todos os motivos e de 3,3% das feitas por opção da mulher.
A lei que despenaliza a interrupção da gravidez entrou em vigor em meados de 2007, tendo 2008 sido o primeiro ano com dados completos.
Segundo o documento, em 2013, tal como já aconteceu em anos anteriores, IG por opção da mulher nas primeiras 10 semanas constituem cerca de 97% do total das interrupções realizadas.
A classe etária dos 20-24 anos é a que tem maior percentagem de abortos por opção (23%9, seguindo-se as mulheres entre os 25-29 anos (20,6%) e depois as de 30-34 anos (20,3%). Mantém-se a tendência decrescente de interrupções em menores 20 anos (de 11,2% em 2012 para 10,8% no ano passado).
Quanto à ocupação, as desempregadas são a categoria predominante, com quase um quarto dos registos (23,6%), seguindo-se as trabalhadoras não qualificadas e as estudantes, que registaram ainda um aumento.
“No que diz respeito ao grau de instrução, 35,7% das mulheres têm o ensino secundário, 28,7% o 3º ciclo do Ensino Básico, 21% o ensino superior e 10,8% o 2º ciclo do ensino básico. Em 49 casos as mulheres referiram não saber ler nem escrever, o que corresponde a 0,3% do total”, refere o documento.
Mais de metade das mulheres que fez IG por opção tinha um a dois filhos e 40% indicaram não ter ainda descendência, dados semelhantes aos verificados nos anos anteriores.

O documento aponta ainda que 1,2% (203 mulheres) que optaram por parar a gravidez tinham já tido um parto nesse mesmo ano.
A grande maioria (72,2%) nunca tinha abortado, 21,5% das mulheres já tinham feito uma anterior interrupção, 4,9% tinham feito duas e 1,4% fizeram três ou mais.
“Entre as interrupções realizadas durante 2013, 301 (1,7%) ocorreram em mulheres que já tinham realizado uma IG nesse ano”, indica o relatório.
Para as mulheres que realizaram uma IG, os autores do documento recomendam que “o aconselhamento contracetivo seja realizado ao longo de todas as consultas no quadro do processo de interrupção”, não sendo “remetido exclusivamente para uma consulta final quando a IG já está completa”.
“O método contracetivo deve ser escolhido e iniciado durante o processo da IG”, defendem.
Quanto ao local da realização, 68,2% dos abortos foram feitos em hospitais públicos, havendo uma diminuição em relação a 2012.
Nas unidades provadas, quase um quinto dos abortos realizadas foram por mulheres que procuram diretamente estas instituições, sem passar pelo Serviço Nacional de Saúde.
O método medicamentoso continua a ser o predominante nas unidades públicas, enquanto as privadas optam na escamadora maioria das vezes pelo cirúrgico.
Por SAPO Saúde com Lusa