Um casal seguido no Centro de Procriação Medicamente Assistida (PMA) hoje inaugurado no Hospital Pediátrico de Coimbra lamenta a redução da comparticipação do Estado nos tratamentos e recomenda uma gestão sábia das emoções a quem opte por este caminho.

“Apesar do Estado ajudar, devia-se ter mantido a comparticipação ou até ter aumentado. Qualquer casal que passe por isto tem de estar preparado emocionalmente, porque é um processo moroso. É preciso saber gerir as emoções”, disse um homem (que não quis ser identificado), entrevistado com a mulher, Margarida, a propósito da inauguração daquela unidade.

Segundo Margarida, “é preciso muita calma” para enfrentar o processo de tratamento, porque “é um bocadinho doloroso, física e psicologicamente”.

Prestes a iniciar o segundo tratamento, dado que o primeiro não resultou, o marido recorda que após o fracasso dessa primeira tentativa, que resultou numa gravidez inviável, puserem em causa continuar o processo.

Mas, como explica, a ambição de ambos, agora com 34 anos, “é criar uma família”. Margarida sublinha mesmo que ter um filho “é tudo”.

O casal da Marinha Grande decidiu fazer um segundo tratamento, motivo por que hoje foram à consulta no Centro de PMA, inaugurado na data em que se assinala o 48º aniversário da Maternidade Bissaya Barreto, à qual está estreitamente ligado.

Isto apesar dE a medicação ser “caríssima” (cerca de 600 euros), dos gastos em viagens e em análises, das ausências ao trabalho e de, entretanto, Margarida ter ficado desempregada.

“Se a inseminação não funcionar, pensamos adotar uma criança”, disse Margarida, adiantando que mesmo que venham ser pais biológicos admitem essa hipótese.

Na sua ótica, é também muito importante um acompanhamento médico precoce neste domínio, para detetar eventuais problemas. O casal tentou durante três anos ter um filho até ter pedido ajuda.

Proporcionar um acompanhamento completo a casais com situações de infertilidade é objetivo do centro que, segundo o seu diretor, Sidónio Matias, tem merecido uma reação “bastante positiva” dos utentes, que têm a possibilidade de iniciarem e terminarem o tratamento no mesmo serviço e com os médicos que anteriormente os seguiam.

“Ter tudo mais concentrado, no mesmo local, é melhor, dá-nos mais tranquilidade”, segundo o casal.

De acordo com o diretor do Centro de PMA situado no Hospital Pediátrico Carmona da Mota (Centro Hospitalar de Coimbra), “perspetiva-se uma procura substancial que justifica a criação e pleno funcionamento deste novo centro, uma vez que se prevê que, entre 10 a 15 por cento dos casais em idade fértil irão necessitar de tratamento da infertilidade”.

"Em Portugal, o número anual de tratamentos realizados (2.500) está ainda longe do recomendado pela Sociedade Europeia para a Reprodução Humana e Embriologia (15.000), pelo que o Governo pretende aumentar em 40 por cento a oferta do Serviço Nacional de Saúde no âmbito da procriação medicamente assistida", segundo dados hoje divulgados.

28 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO