“O Conselho de Administração do CHSJ considera que o modelo de financiamento da nova ala pediátrica não teve os resultados que os seus promotores desejavam, como parece claro pelo desfasamento entre as verbas angariadas e o orçamento total da obra”, referiu o hospital, em comunicado.

A empreitada, com um prazo de construção de dois anos, está orçada em cerca de 25 milhões de euros e é financiada por fundos privados, angariados através da Associação Humanitária “Um Lugar Pró Joãozinho” que, até ao momento, conseguiu cerca de um milhão de euros.

Este novo espaço destinado ao internamento pediátrico do Centro Hospitalar, que funciona desde 2011 em contentores, prevê a construção de três novos pisos sobre dois já existentes numa zona integrada do edifício principal do hospital, perto da urgência pediátrica.

“A manter-se o CHSJ como um polo de assistência e de ensino pediátricos diferenciados, torna-se indispensável e urgente dotar este centro das infraestruturas e dos meios adequados à concretização destes objetivos o que, na nossa opinião, só será possível através do recurso a investimento público”, sustentou.

As obras da nova ala pediátrica arrancaram em novembro de 2015 e foram suspensas na semana passada porque, segundo a associação, o Centro Hospitalar não libertou o espaço necessário à sua continuação.

“Não há razões imputáveis ao CHSJ que justifiquem a paragem dos trabalhos”, lê-se na nota.

O Centro Hospitalar explicou que não sendo formalmente “dono da obra”, acompanhou-a sempre através dos seus serviços técnicos.

E realçou: “A área de intervenção ocorre em três corpos (A, B e C) e o CHSJ libertou os corpos A e C para o início dos trabalhos. Já nessa altura foi transmitido que a libertação do corpo B, correspondente ao atual Serviço de Imunohemoterapia e que se encontra em pleno funcionamento, obrigaria à deslocalização e à construção de instalações provisórias, o que a curto prazo não seria possível sem pôr em risco a prestação de cuidados de saúde”.

Segundo o hospital, foi sempre considerado que as obras poderiam ocorrer nos corpos A e C, independentemente da disponibilização imediata do corpo B, por isso, “não encontra razões para a paragem dos trabalhos”.

Na quarta-feira, o PSD/Porto acusou o Governo e a Câmara do Porto de “silêncio cúmplice” sobre o “bloqueio” das obras da nova ala pediátrica e vai pedir reunião urgente à administração hospitalar.

Em declarações à Lusa, Miguel Seabra, presidente do PSD/Porto, diz estar “indignado” com o facto de a administração do Hospital de São João (HSJ) “ter dado uma ordem para parar com a obra” e considera “estranho” o “silêncio” tanto do Governo como do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e do vereador da Câmara do Porto, Manuel Pizarro, ex-secretário de Estado da Saúde no Governo de Sócrates.