23 de janeiro de 2013 - 12h04

Cientistas da Universidade Northwestern, em Chicago, descobriram uma forma de tratar o linfoma sem quimioterapia, recorrendo a uma nanopartícula "dourada" que se liga às células cancerígenas e as mata à fome.
Os investigadores, que publicam o resultado do seu trabalho na edição de segunda-feira da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, descobriram que as células que provocam o linfoma morrem se forem privadas do seu alimento preferido: o colesterol HDL.
Os cientistas descobriram uma nova nanopartícula que atua como um agente duplo. Para a célula cancerígena parece uma partícula de HDL, mas quando se liga a ela, a nanopartícula tapa a célula e bloqueia a entrada do colesterol.
Privada do seu nutriente essencial, a célula acaba por morrer.
Os médicos responsáveis pelo estudo, Shad Thaxton e Leo I. Gordon, mostraram que nanopartículas de HDL sintéticas matam o linfoma de células B, a forma mais comum da doença, em culturas de células humanas e inibem o crescimento da doença em ratos.
"Isto tem potencial para vir a ser um tratamento não tóxico para o linfoma de células B, sem envolver quimioterapia", disse Gordon. "É uma descoberta preliminar entusiasmante".Gordon é professor de hematologia e oncologia e Thaxton é professor assistente de urologia, ambos na faculdade de Medicina da universidade Northwestern.
Estudos recentes mostraram que o linfoma de células B é dependente de HDL natural.
Partícula de ouro de cinco nanómetros 
A nanopartícula, originalmente desenvolvida por Thaxton como um possível tratamento para a doença cardíaca, é muito parecida com as partículas de HDL natural em tamanho, formato e química superficial. No entanto, tem uma diferença fundamental: uma partícula de ouro de cinco nanómetros no seu núcleo.
Desta forma, quando a nanopartícula se junta às células do linfoma de células B atinge o tumor com um duplo golpe: a superfície "esponjosa" da partícula de ouro absorve o colesterol da célula cancerígena, enquanto o núcleo do ouro a impede de absorver mais colesterol.
Para já, o estudo de Thaxton e Gordon indica que as nanopartículas de HDL não parecem ser tóxicas para outras células humanas normalmente atingidas pelo HDL, para os linfócitos humanos saudáveis ou para os ratos.
No entanto, "como todos os candidatos a novo medicamento, a nanopartícula de HDL terá de ser sujeita a mais testes", sublinhou Thaxton.
Segundo o instituto norte-americano do cancro, 90% dos 70 mil novos casos de linfomas não-Hodgkin registados nos EUA em 2012 são linfomas de células B.
O linfoma não-Hodgkin é um cancro que começa nos linfócitos, células que fazem parte do sistema imunitário.

Lusa