O jurista Ricardo Silva é o porta-voz do movimento e, em declarações hoje à Lusa, explicou que o objetivo da iniciativa é repor o serviço de Urgência nessa unidade e evitar que a gestão desse equipamento seja transferida para a Santa Casa da Misericórdia local.

"Esta atividade surge devido ao facto de, na última década, o Hospital de S. João da Madeira ter sido profundamente esvaziado ao nível das suas competências médicas, o que também se verificou ao nível dos seus meios materiais e do seu quadro de pessoal", declarou o representante do movimento.

"Após o encerramento da Urgência há sete anos, o que está agora em causa é a transferência do hospital para a Santa Casa e tudo isto tem colocado a unidade no centro das preocupações da população de S. João da Madeira, Vale de Cambra e Arouca, já que todos estes municípios são servidos por este equipamento", acrescentou.

Para Ricardo Silva, a transferência para a Misericórdia "não será benéfica para S. João da Madeira porque a instituição não tem competências para gerir um hospital e muito menos um hospital com serviço de urgência" - que é a reivindicação da população, tal como ficou expresso em março na moção aprovada na Câmara e na Assembleia Municipal por unanimidade de todos os partidos com representação nesses órgãos.

"O que vai acontecer na realidade é que alguns serviços serão transferidos para o Hospital S. Sebastião, na Feira, o que só prejudica a população de S. João da Madeira e agrava a já fraca capacidade de resposta dessa outra unidade", equacionou. "Ou é isso, ou então a Misericórdia acaba por privatizar o hospital devido à sua incapacidade técnica e financeira para o gerir", complementou.

No site www.peticaopublica.pt, a Petição em Defesa do Hospital de S. João da Madeira reuniu mais de 580 assinaturas desde o seu lançamento, na passada sexta-feira. A esses apoiantes acrescem outras dezenas, cuja assinatura vem sendo recolhida presencialmente em diferentes estabelecimentos comerciais e de restauração da cidade.

O documento que serve de base ao apelo refere: "Já todos perceberam por experiência própria que os serviços prestados pelo Hospital S. Sebastião não satisfazem plenamente as suas necessidades, não só pela diminuição da proximidade e de acessibilidade aos cuidados de saúde urgentes desse hospital, mas também pela morosidade dos tempos de espera no atendimento".

Por esse motivo, a petição reclama a "reposição do serviço de urgência e manutenção do Hospital de S. João da Madeira no Serviço Nacional de Saúde sob a administração do Estado".