Segundo o relatório “Portugal – Doenças Oncológicas em Números”, que é esta quinta-feira apresentado, em 2014, a taxa de mortalidade padronizada por cancro passou para 151,5 por 100 mil habitantes, valor que vem diminuindo de forma gradual, pelo menos desde 2010.

Embora se assista a uma redução gradual da mortalidade, o documento sublinha que “os anos potenciais de vida perdidos continuam muito significativos”.

O cancro do pulmão continua a ser o mais letal em Portugal, tendo sido responsável, em 2014, por 3.927 óbitos, o que dá uma média superior a 10 mortes por dia.

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Aliás, o tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão são os cancros que mais contribuem para os anos potenciais de vida perdidos, segundo dados do relatório da Direção-geral da Saúde.

O documento vinca que Portugal, em comparação com os dados europeus de mortalidade, está numa “posição confortável”, até porque beneficia de um histórico de menor consumo de tabaco a que corresponde menor taxa de cancro do pulmão e menor mortalidade.

No entanto, para que esse efeito continue a manifestar-se, os responsáveis do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas aconselham a que as autoridades sejam mais ativas na promoção da cessação tabágica.

Segundo o relatório, no primeiro semestre do ano passado, em comparação com o período homólogo de 2014, subiram quase 10% os custos com medicamentos oncológicos.

Em relação ao cancro do pulmão é necessário corrigir assimetrias regionais, como a “situação gritante” dos Açores, onde “urge tomar medidas”, visto que a incidência nesta região autónoma é praticamente o dobro do resto do país.

Também o cancro colo-retal é “uma prioridade indesmentível”, pelo aumento crescente de casos.

Ao nível da mortalidade, quando analisados os dados apenas referentes ao sexo masculino, Portugal encontra-se, a nível europeu, “no quartil de mais elevada mortalidade”, o que os autores do relatório consideram justificar uma “particular preocupação”.

“O cancro colo-retal é uma prioridade indesmentível, pelo aumento crescente e pela situação relativa do país, sendo ainda incipientes os rastreios no terreno. Só apostas na prevenção poderão modificar sensivelmente o atual panorama”, indica o documento.

Em relação aos rastreios do cancro colo-retal são apontadas assimetrias regionais e aconselhado o seu alargamento a nível nacional: “Embora se note um aumento dos programas de rastreio de cancro colo-retal, a expansão acelerada a todas as regiões é uma prioridade”.