O número de mortes caiu de 9,3% para 7,5%, um resultado que surpreendeu os cientistas que o interpretam como uma consequência da melhoria dos cuidados de saúde prestados no país, embora não excluam outros fatores.

Os autores do estudo verificaram também que existe uma tendência crescente para classificar a causa das hospitalizações como sendo pneumonia em vez de DPOC, “o que pode contribuir para o desproporcionado número de internamentos por pneumonia em Portugal (cerca de 50 mil/ano), fazendo desta patologia uma das principais causas de hospitalização e de mortalidade no nosso país”.

O estudo foi publicado na revista científica Respiratory Medicine e teve como objetivo analisar a admissão hospitalar, a duração do internamento e a mortalidade dos doentes com DPOC internados nos hospitais portugueses, entre 2000 e 2010.

Os dados referiam-se aos hospitais públicos (onde ocorrem cerca de 85% dos internamentos) e foram cedidos pela Administração Central de Sistemas de Saúde (ACSS).

“A análise revelou que durante o período em estudo ocorreram 123 mil admissões hospitalares por agudizações de doença respiratória obstrutiva, estando mais de 80% dos casos relacionados especificamente com DPOC”, refere Rafael Vieira, estudante de Medicina e investigador.

Segundo este investigador, em média, foram efetuadas 80 hospitalizações por 100 mil habitantes com mais de 18 anos, no seguimento de exacerbações por DPOC. Se somarmos à DPOC outras doenças respiratórias obstrutivas, como a asma e a bronquiectasia, o número de internamentos sobe para as 103 hospitalizações por 100 mil habitantes maiores de idade.

As admissões hospitalares por DPOC foram significativamente mais elevadas nos grupos de pacientes com mais de 70 anos e o tempo médio de admissão foi de oito dias.

A DPOC é uma patologia caracterizado pela limitação crónica do fluxo de ar, falta de ar (dispneia), tosse, pieira e aumento da produção de expetoração e é progressiva e debilitante.

Atualmente, é a quarta causa de morte em todo o Mundo, sendo que a Organização Mundial de Saúde estima que venha a ocupar o terceiro lugar até 2030.