Paulo Macedo falava na sessão de inauguração do novo centro de formação da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), criado a pensar nos 902 internos em formação atualmente.

Pelo que estes profissionais fazem no dia-a-dia, nos hospitais, junto dos idosos, nas urgências e nas emergências, o Serviço Nacional de Saúde “está grato e incentiva”, disse o ministro, que salientou nomeadamente o papel dos médicos de medicina interna nas urgências (mais de cinco milhões de urgências por ano) e nas emergências, como no recente caso de um surto de legionella.

“A medicina interna é estrutural na urgência e na emergência médica”, disse Paulo Macedo, acrescentando que o centro que hoje inaugurou poderá também contribuir para a formação de profissionais de países africanos de língua portuguesa, através de formação à distância.

Em resposta a outras intervenções o ministro defendeu que se deve de aumentar o número de nascimentos em hospital mas que esse mesmo hospital “não pode ser o local social onde se vai morrer”, e lembrou que já no início do ano começam as obras nos hospitais da Caldas da Rainha e do Barreiro.

Luís Campos, vice-presidente da SPMI, falou do papel da medicina interna, centrando-se no envelhecimento da população, no uso das urgências e no desenvolvimento do conhecimento. “Na medicina, em cada 10 anos 50 por cento do que pensávamos que era verdade é mentira”, o que induz a hiperespecialização, disse.

De acordo com o especialista “os melhores internos estão a fugir da medicina interna, que dá muito trabalho e é muito mal paga”. Ainda assim é uma especialidade “que tem futuro”, disse o presidente da SPMI, Manuel Teixeira Veríssimo.

Aos jornalistas o ministro lembrou que muitas doenças estão relacionadas com maus hábitos alimentares, lembrando o relatório hoje divulgado que dá conta que quase metade dos portugueses tem excesso de peso.

Muitas das doenças dos idosos podem ser “severamente diminuídas se os hábitos alimentares forem melhorados”, salientou Paulo Macedo, acrescentando que é um “assunto importante e que tem um efeito decisivo no que é a carga de doença a prazo”, sendo decisivos também os hábitos alimentares durante a fase do pré-escolar.

Paulo Macedo explicou ainda que este ano o Ministério da Saúde desencadeou mais cedo procedimentos adicionais para hospitais e centros de saúde, para prevenir um excesso de casos de gripe, já que por norma os hospitais têm dificuldade em dar resposta em termos de tempo, devido ao grande afluxo no inverno.

Essa articulação entre hospitais e centros de saúde, explicou, pode levar estes a alargar horários de atendimento ou deslocarem-se a lares e apoiar a vacinação de pessoas com mais de 65 anos. Porque ainda há lares em que a taxa de vacinação é “perto de zero”.