16 de dezembro de 2013 - 14h37
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, criticou hoje uma “sistemática pressão” sobre o Estado para a introdução de novos medicamentos, afirmando que só este ano vão ser gastos cerca de “90 milhões de euros em medicamentos inovadores”.
Escusando-se a comentar as recentes declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, sobre dificuldades de acesso a medicamentos inovadores, em especial para a hepatite C, Paulo Macedo reafirmou que, “para chegar a um acordo”, é preciso existir um entendimento entre o Estado e a indústria farmacêutica.
“A questão que vejo sempre ser referida é sempre do lado do Estado, designadamente tanto mais grave quanto estamos em negociações [com a indústria farmacêutica]”, disse, acrescentando que “isto é sistematicamente uma pressão sobre o lado do Estado, para o Estado introduzir a qualquer preço e sem discutir [um medicamento inovador], que é o que o Estado faz ao longo dos anos”.
Referindo que o que está em causa nesta questão é a discussão relativa à “margem de lucro que quer [a indústria] e o que o Estado pode pagar”, Paulo Macedo afirmou que as questões devem também ser colocadas às farmacêuticas.
“Sobre os medicamentos, gostava que, uma vez que fosse, a imprensa e os media perguntassem à indústria se de facto aqui as suas margens também não deviam ser adequadas à situação do país”, frisou.
Falando aos jornalistas, no Porto, à margem da cerimónia de atribuição da Comenda da Ordem de Mérito a António Ferreira, administrador do Centro Hospitalar de S. João, o ministro afirmou que “só este ano foram introduzidos 70 medicamentos inovadores”.
“Vamos gastar cerca de 90 milhões de euros em medicamentos inovadores”, disse, acrescentando que os doentes para os quais o medicamento ainda não esteja introduzido no mercado “são tratados através de autorizações especiais”.
Paulo Macedo reafirmou que o negócio da indústria farmacêutica é de “3,7 biliões de euros e, quando se discute se um medicamento é introduzido ou não, há que ver as vantagens terapêuticas e qual a pressão sobre o negócio”.
Em entrevista ao jornal i, publicada hoje, o bastonário da Ordem dos Médicos diz haver doentes com hepatite C “a serem condenados à morte” por ainda não ter sido autorizada a comparticipação de novos medicamentos para combater a doença.
Lusa