"O hospital de Santo Tirso, à semelhança dos outros, se for transferido, em primeiro lugar continua a estar integrado dentro do Serviço Nacional de Saúde, que é o que aconteceu a todos os outros. Em segundo lugar, não há despedimentos, em terceiro, há ou uma manutenção da valências, ou há um aumento, o que por exemplo, aconteceu no hospital de São João da Madeira", afirmou Paulo Macedo questionado pelos jornalistas sobre a posição hoje assumida pela Ordem e sindicatos dos Médicos.

Aquelas estruturas afirmaram que no hospital de Santo Tirso falta "cerca de uma dezena de médicos" e que a passagem prevista desta unidade para alçada da Misericórdia poderá culminar na redução de várias especialidades médicas.

O governante, que falava em Vila Verde à margem da inauguração das obras de requalificação do hospital da Misericórdia local, adiantou que as transferências até agora realizadas "para além de resultarem numa poupança para o erário público têm resultado também num aumento de serviços de saúde à disposição das pessoas".

"Foi feita a transferência de vários hospitais que decorreu bastante bem, e com satisfação das diferentes populações e das entidades envolvidas", sustentou, dando como exemplo o caso de Anadia.

Paulo Macedo disse que as negociações para a transferência do hospital de Santo Tirso estão "praticamente terminadas" defendendo a necessidade "de haver algum consenso relativamente a essa transferência".

Em declarações aos jornalistas após uma visita ao hospital de Santo Tirso, distrito do Porto, o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães enumerou a cardiologia, a obstetrícia, a oftalmologia, a oncologia médica, a otorrinolaringologia, a pneumologia e a pedopsiquiatria como especialidades que esta unidade poderá vir a perder "se conjugada a passagem para a Misericórdia e a Portaria 82/2014".

Miguel Guimarães disse ter-lhe sido transmitido pela administração do hospital a "dificuldade em manter recursos humanos e o facto da renovação estar bloqueada".

"É difícil dar um número, mas faltam seguramente mais de uma dezena de médicos e faltam objetivamente 14 enfermeiros", apontou o presidente do CRNOM que foi acompanhado por representantes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e do Sindicato dos Médicos do Norte (SMN).

O hospital de Santo Tirso integra o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), juntamente com a unidade de Famalicão, e a 16 de dezembro do ano passado foi anunciada a sua passagem para a alçada da Santa Casa de Misericórdia, um processo que ainda não foi concluído e que, para a Ordem e sindicatos, está "a gerar instabilidade".

"Todos os médicos que contactamos ao longo desta visita estão preocupados. Não sabem exatamente o que lhes vai acontecer, o que não é um fator de motivação", descreveu Miguel Guimarães, com Manuela Dias, do SIM, a acrescentar que os profissionais "têm medo e não concorrem para esta unidade devido a uma indefinição que está a arrastar-se".