José Josué, administrador daquela unidade, disse que numa reunião realizada esta segunda-feira com o secretário de Estado da Saúde ficou o compromisso de avançar, "dentro de uma a duas semanas", com um processo que deu entrada na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em 28 de janeiro de 2015 para tentar resolver uma situação que se arrasta há praticamente três anos.

O presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém (HDS) negou que 15 diretores e responsáveis de serviço tenham colocado o seu lugar à disposição, afirmando desconhecer a origem de tal informação.

Afirmou ser igualmente falso que tenham sido encerradas recentemente salas dos blocos operatórios.

“As dificuldades na atividade cirúrgica prendem-se fundamentalmente com a falta de anestesistas. É o que mais desconforto tem provocado. Podemos ter muitas salas, mas, se não tivermos anestesistas, as cirurgias não se fazem”, adiantou.

José Josué disse à agência Lusa que o Hospital de Santarém conta atualmente com metade dos anestesistas previstos (nove em 18) e que os concursos para preenchimento de vaga têm ficado desertos.

À espera de obras desde 2013

Quanto às obras nos Blocos Operatórios - necessidade identificada no verão de 2013 devido ao deficiente funcionamento do sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), que data da altura da construção do hospital, em 1985 -, afirmou que apenas se aguarda a decisão das “instâncias superiores”.

Depois de, no verão de 2014, a situação do Bloco Operatório, com a lista de espera para cirurgias a crescer e a necessidade de transferir doentes para outros hospitais, ter suscitado forte contestação na opinião pública, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo anunciou, em setembro desse ano, que este serviço iria encerrar previsivelmente nos primeiros meses de 2015 para uma “intervenção profunda”.

No âmbito do processo entretanto desencadeado, o capital estatutário do Hospital de Santarém foi reforçado em setembro de 2015 em 1,8 milhões de euros exclusivamente para investimentos, “permitindo alavancar a totalidade do orçamento previsto para as obras dos blocos operatórios”.

José Josué disse à Lusa que a obra, a candidatar a fundos comunitários, está orçada em 5,5 milhões de euros, havendo condições para avançar assim que haja aval da tutela.

Helena Jorge, da delegação de Santarém do Sindicato dos Enfermeiros, disse à Lusa que a intervenção nos Blocos Operatórios “peca por tardia” e que uma alegada tomada de posição dos responsáveis de serviço, que afirmou também desconhecer, surgia “fora de contexto”.

Em comunicado, o sindicato atribui a degradação dos serviços hospitalares ao corte de verbas feito no setor nos últimos quatro anos e apela a que sejam igualmente tomadas posições na exigência de mais profissionais, melhores condições de trabalho e de horários.