25 de março de 2013 - 14h03
António Correia de Campos considera que o investimento de um milhão de euros para obras na Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa é “uma gota de água” tendo em conta o valor do edifício, cuja manutenção defendeu hoje em tribunal.
O ex-ministro da Saúde falava como testemunha no julgamento da providência cautelar interposta por um grupo de requerentes contra o anunciado encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), previsto para o final deste mês ou início do próximo.
Antes de ser ouvido, Correia de Campos começou por questionar o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa sobre um eventual conflito de interesses, dado que o seu filho nasceu nesta instituição, onde também trabalha a sua irmã.
O tribunal, assim como os representantes legais do Ministério da Saúde e do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), concluiu que não existia qualquer conflito de interesses, pelo que o ex-ministro prosseguiu, enaltecendo os méritos das equipas da MAC.
Questionado sobre um dos argumentos do CHLC de que a MAC necessita de obras, e sobre o eventual milhão de euros necessário para as mesmas, Correia de Campos disse que o mesmo representa “uma gota no oceano” das despesas com saúde.
O ex-ministro reiterou que não se opõe à transferência das equipas para o futuro Hospital de Lisboa Oriental, que abrirá as portas dentro de três anos, mas sim que as equipas sejam fraturadas e transferidas para um sítio com menos espaço, como disse ser o Hospital Dona Estefânia.
“É possível manter as equipas integradas em outro espaço que não a MAC, mas apenas se houver espaço físico, se estas foram bem acolhidas e se as condições permitirem manter a cultura hospitalar”, disse, reconhecendo não saber quais as instalações atuais no Hospital Dona Estefânia.
Ex-ministro defende manutenção da MAC
Sobre a MAC – unidade que diz conhecer com algum pormenor, nomeadamente através do tempo em que foi ministro da Saúde – disse ser “um acervo técnico-científico e profissional que devia manter-se unido até à transferência para o Hospital Oriental de Lisboa”.
“A MAC não é só médicos obstetras, pediatras e enfermeiras de obstetrícia. Tem uma série de profissionais, ligados à área social, psicológica, da inserção, do problema do VIH, entre outros. Isso significa que há uma filosofia de abordagem dos problemas. Tem um valor que ultrapassa, em muito, o valor físico das instalações e até o valor individual dos profissionais”.
Sobre os valores necessários para manter o edifício da maternidade, Correia de Campos não tem dúvidas: “É uma gota de água no contexto da despesa em saúde” e “representa menos de meio por cento do valor patrimonial atual da MAC”.
No final, Correia de Campos disse aos jornalistas ter dificuldade em entender como é que uma unidade mais pequena (Hospital Dona Estefânia) vai absorver uma muito maior (MAC).
O médico reconheceu que a oferta em termos de blocos operatórios em Lisboa pode ser superior à procura, mas a esse propósito disse que não lhe pareceu muito bem a reabertura da maternidade no Hospital Dona Estefânia, nem a criação de um espaço de saúde materno-infantil no Hospital São Francisco Xavier.
Para a parte da tarde está prevista a audiência de testemunhas do Ministério da Saúde.
Lusa