28 de maio de 2013 - 11h36
O presidente da agência europeia de informação sobre droga garantiu hoje que as medidas de austeridade em Portugal não afetaram os programas de intervenção, mas alertou para o crescimento de uma "adictofobia" entre a população.
"Houve uma discreta redução em Portugal, mas não houve cortes significativos. Ainda temos os mínimos olímpicos", afirmou hoje João Goulão, em Lisboa, durante a apresentação, em Lisboa, do relatório anual da agência europeia de monitorização do fenómeno da droga (EMCDDA – Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, OEDT, na antiga sigla em português), que marca as última tendências e evoluções do fenómeno da droga na União Europeia, Noruega, Croácia e Turquia.
"No essencial, temos condições para dar continuidade às intervenções que vinhamos fazendo", acrescentou.
No entanto, João Goulão alertou para um outro risco, que se tem registado nos últimos anos.
"Pessoalmente preocupa-me o risco de, num contexto em que o individualismo vai crescendo, os recursos para tratamento sejam encarados como desperdício [de investimento] pela população em geral", explicou, sublinhado tratar-se uma "espécie de adictofobia".
O relatório anual do EMCDDA refere que o tratamento de toxicodependentes na Europa atingiu níveis recorde, mas é preciso investir em novas intervenções e na reinserção social e alerta para a necessidade de investir mais em políticas de saúde dirigidas aos toxicodependentes, sobretudo para tratar a hepatite C e prevenir as ‘overdoses’.
O documento dá ainda conta de que o consumo de droga é uma das principais causas de morte entre os jovens na Europa, com a taxa de mortalidade – provocada diretamente pelo consumo de droga, através de ‘overdoses’, ou indiretamente, por doenças várias, sobretudo infectocontagiosas, e acidentes, violência e suicídio - a rondar os 1 a 2 por cento (%) por ano
Um outro relatório do EMCDDA, em conjunto com a Europol, também hoje divulgado na cerimónia, revela que a quantidade, o tipo e a disponibilidade de novas drogas sintéticas na Europa aumentaram em 2012, proliferando sobretudo através da Internet e acarretando fortes desafios para a saúde pública, aplicação de legislação e tomada de decisões políticas.
Lusa