3 de setembro de 2014 - 09h01
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse na terça-feira que o mundo está a perder a batalha contra a epidemia de ébola, no mesmo dia em que as Nações Unidas alertaram para a escassez de alimentos nos países mais afetados pelo vírus.
"Após seis meses com a pior epidemia de ébola da história, o mundo está a perder a batalha. Os líderes não conseguiram tomar as medidas adequadas contra esta ameaça transnacional", afirmou a presidente da MSF, Joanne Liu, numa sessão de informações na sede da ONU em Nova Iorque.
Segundo a OMS, os Estados não reagiram ao apelo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 8 de agosto declarando a epidemia uma emergência de saúde pública mundial e "limitaram-se a unir-se a uma coaligação global da inação".
A presidente da ONG também pediu que a comunidade internacional financie mais camas nos hospitais de Guiné, Serra Leoa e Libéria, os três principais países afetados, e envie mais funcionários e laboratórios móveis.
O surto de ébola já provocou até agora 1.552 vítimas fatais e infetou outras 3.062 pessoas, segundo os últimos números da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A MSF denuncia, em particular, a situação na Monróvia, a capital da Libéria, onde "a cada dia temos que rejeitar doentes porque estamos lotados", segundo Stefan Liljegren, o coordenador do centro médico ElWA 3, administrado pela ONG.

Pessoal médico continua a ser infetado
Ainda na Libéria, a organização cristã de caridade SIM informou que um segundo missionário médico, de nacionalidade norte-americana, foi infetado pelo ébola.
O médico, cujo nome não foi revelado, trabalhava no setor de ginecologia do hospital financiado pelo SIM/USA em Monróvia.
Se o ritmo atual da infeção não diminuir, a OMS prevê que entre seis e nove meses possam existir cerca de 20.000 pessoas infetadas.

"NaSerra Leoa, corpos altamente infecciosos estão a apodrecer nas ruas", indicou a MSF num relatório.
Numa conferência de imprensa na terça-feira, o diretor do centro americano para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), Tom Frieden, advertiu que os casos de ébola crescem rapidamente na África ocidental e, provavelmente, continuarão a aumentar nas próximas semanas.
Para ele, o período no qual é possível deter a epidemia antes que se estenda a outros países "está próximo de chegar ao fim".
"É preciso agir agora (...) Sabemos o que fazer para deter o Ebola", afirmou Frieden, citando a quarentena dos infetados e o acompanhamento dos pacientes curados. 
Também o coordenador das Nações Unidas para o ébola, David Nabarro, alertou hoje que o número de infeções “cresce todos os dias mais depressa” e há que contar com a possibilidade de aparecerem "mais casos em mais países”.
Nabarro reuniu-se hoje com representantes dos Estados-membros da organização e com a diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, e o secretário-geral adjunto da ONU, Jan Eliasson.
Após a deslocação à África Ocidental, foco principal do surto, o coordenador para a febre do ébola da ONU afirmou que “os passos seguintes são muito difíceis de prever” e que é necessária uma “coordenação mundial vital” para controlar a epidemia.
Por SAPO Saúde/AFP