“O processo de escolha foi inquinado desde o início. Já aconteceu o ano passado e a ACSS continua a cometer os mesmos erros, este ano ainda mais graves. Como o presidente da ACSS pode passar incólume? Já devia ter sido substituído há muito”, afirmou à Lusa o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

Em causa está o concurso deste ano de internato médico – momento de escolha da especialidade dos clínicos recém-licenciados – que arrancou no passado dia 23 com diversas irregularidades, a começar pela própria lista final de vagas, que em vez de conhecida 10 dias antes, como determinado pela legislação, só foi publicada no dia seguinte.

Para além disso, e como tinha dito à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos na passada semana, o sistema informático para as candidaturas à especialidade registou falhas e “houve candidaturas feitas à mão”, gerando-se assim “confusão” e “instabilidade”.

“Uma palhaçada completa”, classificou hoje o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, segundo o qual o processo em causa “é impugnável” pelos próprios candidatos se assim o entenderem.

Miguel Guimarães lembrou que “o processo de escolha é muito importante” para os médicos que acabaram a sua licenciatura e o chamado “ano comum”, uma espécie de estágio pré-especialidade em que percorrem diversas áreas, sob supervisão.

Perante toda a situação “desagradável”, o responsável defendeu que “a máquina da ACSS deve ser substituída”, acrescentando que tal vontade já foi transmitida “à nova equipa ministerial”.

Para Miguel Guimarães “há um misto de irresponsabilidade e incompetência” naquela entidade, responsável por gerir o processo que “já o ano passado correu mal”.

“Não percebo como este presidente da ACSS continua em funções”, atirou, referindo que tendo em conta os vários erros, aquela administração devia, pelo menos, "ter adiado o processo 24 horas”.

Na passada semana os próprios estudantes de medicina pediram o adiamento do processo de escolha de vagas para a especialidade por considerarem que tinha “vários erros” para além de deixar médicos de fora.

O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) referiu então a existência, nos dias antes da abertura do concurso, de “múltiplas versões do mapa de vagas, a disponibilidade, a lista de candidatos e o calendário do próprio processo”.

Alberto Abreu da Silva contou hoje que “o processo continuou” sem qualquer alteração ou adiamento, o que está a gerar um “espírito de revolta perante a inflexibilidade” que houve por parte da ACSS.

O processo abriu no dia 23 de novembro, data em que efetuaram a escolha os primeiros 58 candidatos internos, e termina a na próxima sexta-feira.

A Lusa tentou ouvir a ACSS, mas tal não foi possível até ao momento.