7 de julho de 2014 - 15h55
A Federação Nacional dos Médicos diz que alguns clínicos estão a ser ameaçados com cortes no subsídio de assiduidade caso adiram à greve marcada para terça-feira e quarta-feira. Trata-se de um protesto contra a reorganização hospitalar convocado por este sindicato dois anos após uma paralisação que parou o sistema de saúde.
As denúncias chegam de todo o país. A FNAM considera a medida é ilegal. "A medida é perfeitamente ilegal e - é importante termos esta ideia - já aconteceu várias vezes", diz Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos, citado pela TVI24. 
A paralisação só começa à meia-noite e, ao contrário da greve de há dois anos, não deverá ter tanta adesão já que o Sindicato Independente dos Médicos não aderiu.
Só no espaço de um mês, a Ordem dos Médicos recebeu mais de 200 queixas de falta de material e de clínicos.
A paralisação vai afetar sobretudo as consultas e as cirurgias agendadas. Estão garantidos os serviços mínimos, nas unidades que funcionam 24 horas por dia como as urgências e os cuidados intensivos. Ainda assim, a Ordem dos Médicos aconselha os utentes a não recorrem aos serviços de saúde públicos até ao final da greve.
Médicos de clínica geral e familiar solidários com greve da FNAM
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) está solidária com a greve dos médicos, agendada para terça-feira e quarta-feira, por compreender os motivos do protesto convocado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Em comunicado, a APMGF manifestou a sua preocupação por várias medidas governamentais que afetam o setor, como a portaria sobre os cuidados de saúde primários do trabalho, a política de recursos humanos, a limitação ao avanço da reforma dos cuidados de saúde primários.
"A evidente intenção de colocar os médicos de família (já assoberbados com tarefas e que recentemente viram aumentar o seu número efetivo de utentes) a exercer medicina do trabalho - sem para tal terem qualificações e afastando-os do desempenho das suas verdadeiras atividades e competências -, bem como a recusa da revogação da Portaria 112/2014 que introduz esta medida irracional, conduzirão a uma redução da acessibilidade dos doentes ao seu médico de família", adianta a associação.
A APMGF critica "a limitação ao avanço da reforma dos cuidados de saúde primários, quando dados provenientes de organismos nacionais e internacionais a apontam como importante fator de desenvolvimento, eficácia e sustentabilidade do SNS, é incompreensível".
A associação denuncia ainda o aumento, nos últimos tempos, das "dificuldades para o exercício da medicina geral e familiar em Portugal, pela falta de material para consulta e em resultado das limitações dos múltiplos sistemas informáticos - e a sua fragmentação -, fatores que castram e tornam desumano o ato médico, em prejuízo de profissionais e utentes".
"Sentimos que está em causa a qualidade do exercício profissional dos médicos de família, as condições de trabalho e - consequentemente - a qualidade do nosso SNS", lê-se no comunicado.
Por SAPO Saúde com Lusa