Os médicos e enfermeiros da Beira Interior vão passar a dispor de manequins com reações humanas para treinarem procedimentos clínicos e situações de emergência.

Noelle é um desses manequins: representa uma mulher adulta para treino de parto e foi o primeiro dos 30 simuladores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior a sair das instalações para ser utilizado em formação hospitalar.

Deitada numa maca do Hospital da Covilhã, nota-se ao longe o peito ofegante.

Está ligada a uma máquina que mostra sinais vitais instáveis, obrigando os profissionais de saúde a trabalhar em equipa e tomar várias decisões.

Para Fernanda Pereto, obstetra, a utilização do simulador permite "abordar temas e situações mais raras", o que é tanto mais importante "num serviço onde não há um volume muito grande de pacientes".

Paulo Tourais, enfermeiro, realça que os simuladores "atingem um nível de interação muito semelhante aos seres humanos, mas em que se aprende sem magoar ninguém".

Os manequins fazem parte do Centro de Formação Avançado em Medicina e Ciências da Saúde da faculdade, onde alguns simulam fraturas, outros queimaduras e outros ainda pedem entubação e suturas.

Os modelos mais avançados têm sistema sanguíneo, simulam transpiração, tosse e convulsões.

Outros estão direcionados para determinados procedimentos, como uma punção lombar.

Além das aulas do curso de Medicina, que arrancaram em 2011, desde há dois anos que os simuladores estão também a ser usados em Ciências Farmacêuticas e Ciências do Desporto.

Ajudaram ainda a formar 800 alunos em cursos Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida no mesmo período.

A primeira utilização em formação fora das instalações da faculdade, na última semana, no Hospital da Covilhã, "faz parte de uma abertura ao exterior que está a crescer", diz Miguel Castelo Branco, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) e ex-presidente da Faculdade de Ciências da Saúde.

Aquele responsável integra direção da recém-formada Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde.

A entidade reúne responsáveis ligados a formação nos vários cursos de medicina e enfermagem "com a finalidade de partilhar informação sobre formas de treino e racionalizar o uso de todos os equipamentos disponíveis a nível nacional".

Miguel Castelo Branco destaca a possibilidade de "repetir os procedimentos as vezes que forem necessárias, sem ser necessário encontrar doentes".

Os simuladores "permitem treinos intensos e mais eficazes, concentrados em determinados períodos de tempo", considera.

9 de janeiro de 2012

@Lusa