Numa carta a que a agência Lusa teve hoje acesso, enviada ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, ao presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, José Tereso, e a outras entidades, os médicos alertam para a “situação insustentável que atualmente se vive” no SAP daquele concelho do distrito de Coimbra.

“Este na prática funciona como um Serviço de Urgência Básico, aberto 24 horas por dia e 365 dias por ano, e apenas é assegurado atualmente por quatro médicos da UCSP de Oliveira do Hospital, para o total de 42 horas por semana de trabalho em urgência – e mais algumas horas de outros três médicos – apesar de estarem dispensados destas funções pela idade”, afirmam.

Segundo os seis profissionais que subscrevem o documento, tem-se verificado “a impossibilidade do preenchimento da escala, havendo a necessidade de se proceder a turnos de permanência do mesmo médico durante 24 horas seguidas”, um problema registado “nomeadamente desde o início" deste ano.

“Esta situação decorre do incumprimento dos turnos atribuídos a uma empresa de subcontratação médica e da escassez dos recursos humanos da UCSP”, referem, explicando que tais factos "estão a originar a exaustão dos profissionais de saúde, podendo pôr em causa a sua própria saúde, a segurança dos utentes e aumentando a probabilidade de erro médico”.

Por outro lado, “apesar dos inúmeros avisos realizados às entidades competentes, não se obteve até à presente data qualquer resposta”.

A carta em que manifestam "impossibilidade em assegurar o funcionamento" do SAP foi também enviada ao bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e à direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Pinhal Interior Norte.

Uma fonte da ARS do Centro disse à agência Lusa que o problema vai ser discutido, ainda hoje, em Coimbra, numa reunião deste organismo com o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino.

Ao longo do ano passado, a autarquia tomou várias posições sobre a deficiente resposta das estruturas públicas de saúde do concelho.

Nas últimas semanas, o Bloco de Esquerda e a Ordem dos Médicos (OM) também alertaram para a falta de médicos naquele Centro de Saúde.

No dia 22 de dezembro, os deputados José Manuel Pureza e Moisés Ferreira, em representação do grupo parlamentar do BE, questionaram o Governo sobre a falta de médicos em Oliveira do Hospital, em cujo Centro de Saúde trabalham oito destes profissionais, dois dos quais estavam de baixa na altura.

Uns dias antes, no final de uma visita às instalações, o presidente da Secção Regional do Centro da OM, Carlos Cortes, defendeu que o número de médicos de família deve aumentar de oito para 16.