7 de maio de 2013 - 14h35
Um grupo de pensadores, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), identificou uma tendência para a prescrição de medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em detrimento de uma orientação para comportamentos saudáveis.
Trata-se de algumas das conclusões do Think Tank “Saúde que Conta”, que este ano é dedicado ao tema da decisão partilhada em saúde.
Os peritos concluem que, apesar dos esforços que têm vindo a ser desenvolvidos, continua a haver “uma tendência para a prescrição de medicamentos em detrimento de uma orientação para comportamentos saudáveis e de mudança de estilo de vida”.
Um padrão que os especialistas também identificaram no acompanhamento das doenças cardiometabólicas, como a doença cardíaca, dislipidemia, diabetes e hipertensão.
A esta tendência junta-se “o pouco tempo disponível para cada consulta, o que reduz o tempo para interação entre o médico e o doente e a possibilidade de partilha de opiniões”, lê-se nas conclusões.
“A informação clínica que o doente tem à disposição é, muitas vezes, insuficiente para que se torne ativo na tomada de decisões e interventivo durante a consulta”, prossegue o documento.
Doentes devem ser parte da equipa
Para Ana Escoval, professora da ENSP e coordenadora do projeto “Saúde que Conta”, “a participação dos doentes no planeamento e execução dos cuidados que recebem tem vindo a ganhar relevância ao longo dos anos, pois os doentes devem ser considerados como parte integrante da sua equipa de saúde”.
Os peritos defendem, para ultrapassar as barreiras identificadas, uma aposta na informação dos utentes e dos profissionais de saúde e na melhoria das suas competências comunicacionais.
“É fundamental que o médico saiba desconstruir a complexidade de algumas mensagens e adaptar o seu discurso ao seu público, nem sempre com níveis de literacia suficientes para entender a terminologia clínica”, adianta.
A especialista em saúde pública sublinha que, “muitas vezes os utentes têm dificuldade em compreender as instruções da medicação e não o dizem, com receio de serem considerados analfabetos”.
“Tendo acesso a informação isenta, honesta e adequada, o cidadão fica capacitado para dialogar sobre a sua doença ou tratamento”, adiantou.
Lusa