“Entre os 35 e os 60 anos há muito poucos médicos na região. Existem muitos médicos que têm mais de 60 anos. Há uma grande lacuna geracional transversal ao país e que também se verifica na região. Também acontece a nível hospitalar, mas muito mais evidenciada ao nível dos cuidados de saúde primários”, disse a delegada regional dos Açores da APMGF, Anabela Lopes, em declarações à Lusa.

A cidade de Ponta Delgada recebe na quinta e na sexta-feira as XVI Jornadas dos Médicos de Família dos Açores e o VI Encontro Regional de Internos de MGF e Jovens Médicos de Família dos Açores.

Anabela Lopes disse que o tema “excesso de médicos, suas consequências para a Medicina Geral e Familiar e novos desafios”, será precisamente abordado na sessão inaugural das jornadas.

"Estamos numa altura em que há um número muito grande de saídas de médicos da faculdade. Mas não estão garantidas vagas para uma formação específica", após a conclusão do curso, disse ainda.

Além desta "lacuna geracional", outro problema identificado por Anabela Lopes é a falta de médicos de família, que disse ser "transversal ao país", mas que no caso dos Açores "afeta mais as ilhas de São Miguel e Terceira".

Segundo dados da secretaria regional da Saúde, a que a Lusa teve acesso, nos Açores existem 55 mil utentes sem médico de família.

A região tem 104 Médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF) a exercer no Serviço Regional de Saúde.

Com a entrada de nove clínicos para o serviço regional de Saúde (que terminaram agora a sua formação), mais 17.000 utentes ficam com médicos de família, de acordo com a tutela.

A secretaria regional da Saúde prevê ainda que "até outubro de 2016 mais seis médicos de MGF concluam a sua formação, pelo que serão mais 11.400 utentes com acesso a consultas daqueles clínicos".

"Prevemos que até ao final de 2016, tenham mais 28.400 utentes com médico de família, reduzindo para 26.600 os utentes sem MGF", acrescentou a mesma fonte.