“Não podemos aceitar termos os melhores índices de produtividade e de despesa comparativamente com as outras unidades do país e, depois, sermos penalizados de igual forma. Não podemos aceitar que se realizem, sucessivamente, investimentos na Grande Lisboa e que se esqueça todo o resto do país”, afirma o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CROMN).

Em comunicado, CRNOM refere que se reuniu com os conselhos de administração das unidades hospitalares da zona norte, tendo como objetivo avaliar e debater “as dificuldades financeiras que estão a atravessar, as implicações que esse facto tem a nível da compra de medicamentos, a falta de investimento nas infraestruturas e no parque de material de meios complementares de diagnóstico, e a escassez dos recursos humanos”.

“Foi avaliado, ainda, quais os potenciais impactos que o corte de 35% da despesa com tarefeiros do Serviço Nacional de Saúde poderá vir em algumas unidades”, salienta.

O CRNOM afirma ter ficado “muito preocupado com a falta de dotação orçamental destas unidades hospitalares, que não se adequa às reais necessidades”, referindo que “este problema tem-se agravado nos últimos anos, tendo sido também destacada a crescente assimetria no financiamento das unidades localizadas no Norte país, assim como uma estratégia regional por parte do Ministério da Saúde, com claro prejuízo para os cidadãos desta região”.

“É ainda de referir que no final do ano passado, e para fazer face à desorçamentação que colocava em causa aquisições essenciais, o Governo fez uma injeção de capital nos hospitais e, mais uma vez, os hospitais localizados a Norte do país foram dotados de verbas muito inferiores aos restantes”, sustenta.

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Na nota enviada à Lusa, a Ordem dos Médicos/Norte esclarece que “estas preocupações estendem-se ao facto de estar a aumentar a despesa corrente dos hospitais públicos, devido principalmente à compra de medicamentos ‘inovadores’, ao aumento do tempo médio de pagamento a fornecedores que estão a financiar o Serviço Nacional de Saúde, e de não haver um plano estruturado e em execução, ao invés das promessas por parte do Ministério da Saúde, para fazer face a este panorama”.

Outra área que “começa a ser problemática” é a da remodelação do equipamento, que “os constantes adiamentos levam a que os prazos de operacionalidade sejam ultrapassados, colocando assim em causa a segurança de doentes e o trabalho dos profissionais da saúde. Há também unidades hospitalares que não têm sequer equipamentos essenciais, como são os casos dos TAC [equipamentos de tomografia computorizada] para os Hospitais de Barcelos e Póvoa de Varzim”, acrescenta.