1 de abril de 2013 - 14h14
Um cirurgião português desenvolveu uma nova técnica e um conjunto de instrumentos cirúrgicos para o tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo (STC), que apresenta uma taxa de sucesso próxima dos 100%, nos cerca de 160 doentes já operados.
Trata-se de uma doença caracterizada pela constrição (aperto) de um dos mais importantes nervos da mão, o nervo mediano, por debaixo de um ligamento que se encontra na região palmar da mão, na zona do carpo, conhecido como o ‘ligamento anular do carpo’. Dores, formigueiros e adormecimentos na zona do punho, mãos e dedos, são alguns dos sintomas.
Menos invasiva
Esta intervenção é efetuada “sem cortes na palma da mão e sem recurso a instrumentos dispendiosos, permitindo uma cirurgia mais rápida e económica, proporcionando um período pós-operatório menos doloroso, uma recuperação mais rápida, menos efeitos secundários e reações adversas e uma cicatriz esteticamente próxima da perfeição, uma vez que a mesma, efetuada na zona da prega palmar distal do punho, se torna praticamente indetetável após alguns meses”, explicou o cirurgião ortopedista Dinis Carmo.
Depois de a aplicar com “uma taxa de sucesso muito próxima dos 100% em cerca de 160 pacientes portugueses”, Dinis Carmo explicou à Lusa que esta nova técnica permite “uma considerável diminuição das dores incapacitantes a nível da palma da mão que caracterizam o período pós-operatório daquela patologia”.
A maior parte dos doentes “não sentem sequer a necessidade de tomar qualquer analgésico no pós-operatório”, frisou.
Interesse estrangeiro
O novo método é de “uma grande simplicidade técnica, o que motivou o interesse de colegas de vários países, nomeadamente de Espanha, França, Itália, Suíça e Brasil, em avançar, desde já, com pedidos do conjunto de instrumentos necessários à cirurgia”, revelou o médico.
Os instrumentos cirúrgicos inventados por Dinis Carmo foram já alvo de um processo de patente apresentado junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial e da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, encontrando-se em fase ‘pendente’ em todos os países da União Europeia, bem como no Brasil, Austrália, Canadá, Japão, China, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, México, Índia e Israel.
“Continuamos à procura de parceiros comerciais capazes de participar connosco neste projeto, já temos alguns na área da produção e da distribuição, mas a verdade é que o processo ainda não está concluído”, admitiu o cirurgião.
Assim, a utilização desta nova técnica está, nesta fase, restrita ao seu inventor. “É muito difícil prever quando é que o processo ficará concluído e, pelo facto de já haver no mercado outros métodos, embora não com a mesma eficácia ou com a mesma elegância, a verdade é que isso atrasa a divulgação do projeto”, sustentou.
De acordo com o cirurgião, estima-se que anualmente sejam operados, pelo método clássico ou variantes, cerca de 15 mil doentes em todos os hospitais do país.
Lusa