No dia 22 de fevereiro assinala-se o Dia Europeu da Vítima de Crime e os problemas de sono são algo que vítimas e criminosos podem ter em comum. É por isso que "sono e violência" será um dos temas em debate no “Lisbon Sleep Summit”, um congresso internacional que decorrerá de 16 a 19 de maio em Lisboa e cujo tema será, na sua primeira edição “O sono nas Mulheres”.

Teresa Paiva, médica neurologista, responsável pelo Centro de Medicina do Sono (CENC) e uma das organizadoras do Lisbon Sleep Summit explica que a relação entre sono e comportamentos violentos ou criminosos acontece de várias formas: "as vítimas de crime sofrem ou de stress agudo (insónia, flasbacks, irritabilidade, ansiedade, dificuldades de memória e de concentração, fadiga) ou de stress pós-traumático com insónia complexa, pesadelos graves e depressão e fadiga".

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"Outras sentem desrealização, negação, ou sentido de injustiça (porquê a mim?) ou raiva, rancor ou vingança. Já as vítimas passivas, como por exemplo os habitantes de uma zona onde houve um crime, têm problemas de sono na noite seguinte: adormecem mais tarde e têm disrupções na produção de cortisol (principalmente as crianças). E quem assiste a atos violentos ou ações terroristas tende a ter insónia transitória e inclusão dos conteúdos violentos nos sonhos nos dias subsequentes", acrescenta a médica.

"Já a privação de sono associa-se a maior prevalência de comportamentos violentos", refere a especialista que indica que "isto foi provado num estudo nacional com adolescentes portugueses".

Teresa Paiva refere ainda que "há doenças do sono com comportamentos violentos. O sonambulismo, os distúrbios comportamentais do sono REM (rapid eye movement) e algumas epilepsias noturnas podem ter comportamentos muito violentos não intencionais. E estes factos podem ser usados criminalmente para desculpabilizar criminosos reais".

"Coisas" estranhas que as mulheres fazem à noite

Além de "sono e violência" , o Lisbon Sleep Summit irá dedicar-se a temas tão diversos como o sono e os desafios na vida das mulheres, o sono e a maternidade e as "coisas" estranhas que as mulheres fazem à noite.

Esta iniciativa é destinada a clínicos, cientistas, entidades públicas e privadas e à sociedade civil, apelando a que participem ativamente na discussão e na criação de soluções para as principais questões negativas associadas ao sono nas Mulheres.

Tem como objetivo melhorar o conhecimento relacionado com o sono no género feminino, avaliar o impacto de fatores internos e externos no sono das mulheres em qualquer idade e discutir as diferenças entre géneros no âmbito da Medicina do Sono.