“Não vou tomar nenhuma posição até final do processo, qualquer que ele seja. E só tomarei uma posição se tiver que tomar [uma decisão] em termos constitucionais, se chegar a Belém um diploma ou mais do que um diploma para promulgar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, depois de abrir o ciclo de debates “Decidir sobre o final da Vida”, na Faculdade de Ciências Médicos, em Lisboa.

Até ao fim do processo legislativo, seja ele quando for, o Presidente quer ficar em silêncio, fazendo apenas um apelo ao debate para “não condicionar a liberdade de ninguém”. “Até lá, nem uma palavra sobre a matéria”, afirmou.

Por outro lado, o chefe do Estado disse querer “ficar de mãos livres para decidir em função” do que lhe for apresentado.

O partido Pessoas - Animais - Natureza (PAN) já apresentou um projeto de lei, o Bloco de Esquerda tem um anteprojeto e o Partido Ecologista “Os Verdes” também anunciou a intenção de apresentar um diploma.

O Presidente da República elogiou a iniciativa do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, que lançou este ciclo de debates, que se prolonga até dezembro e irá percorrer várias cidades do país.

É um debate, disse, que envolverá especialistas e profissionais “interessados por uma matéria que é multidisciplinar” - médicos, filósofos, juristas, psicólogos, representantes de organizações ligadas ao tema.

Debate relançado

A petição do movimento cívico "Direito a morrer com dignidade" entregue a 26 de abril de 2016 no Parlamento defende a despenalização da morte assistida, ou seja a eutanásia, e pede que a Assembleia da República legisle nesse sentido. A morte assistida é um direito do doente, afirma-se na petição, assinada por mais de oito mil assinaturas.

Os subscritores da petição pedem a "despenalização e regulamentação da morte assistida como uma expressão concreta dos direitos individuais à autonomia, à liberdade religiosa e à liberdade de convicção e consciência, direitos inscritos na Constituição".