19 de fevereiro de 2014 - 15h11
O secretário de Estado Adjunto da Saúde defendeu hoje a avaliação dos resultados dos rastreios, admitindo que o número de mamografias recomendadas para mulheres a partir dos 50 anos pode diminuir, se as recomendações internacionais forem nesse sentido.
Fernando Leal da Costa falava durante as XXI Jornadas do Registo Oncológico Nacional (ROR-Sul), durante as quais alertou para o expectável aumento de doentes com cancro e o respetivo aumento do peso da resposta assistencial.
Para o governante, “é fundamental avaliar os resultados das políticas de rastreio”, tendo equacionado a sua revisão.
No final da cerimónia de abertura das jornadas, Leal da Costa disse aos jornalistas que o atual rastreio ao cancro da mama – que defende uma mamografia bianual para as mulheres com mais de 50 anos – não deverá ser alterado nos próximos tempos.
No entanto, reconheceu que têm existido algumas alterações nas recomendações do rastreio e que, no caso do cancro da mama, um estudo recente veio mesmo demonstrar que, em matéria de mortalidade, as mamografias não se revelam mais vantajosas para a mulher.
O estudo em questão, realizado pela Universidade de Toronto, Canadá, e publicado na Live Science, envolveu 90 mil mulheres com idades entre os 40 e os 59 anos e concluiu que o número de mulheres vítimas da doença foi o mesmo tanto nas que realizaram o exame como nas que não o fizeram.
Os autores apontaram ainda os mesmos resultados para as mamografias e os exames físicos (apalpação mamária).
Leal da Costa admitiu que, se estes dados se confirmarem, a mamografia deverá ser recomendada apenas para os doentes de risco e aqueles a quem for identificada uma suspeita através do exame físico, que deverá ser realizado pelos médicos de medicina geral e familiar.

O cancro da mama é o que mais mata em Portugal, sendo o que mais atinge as mulheres.
De acordo com o ROR-Sul, registaram-se 3.075 novos casos de cancro da mama em 2009.
Leal da Costa defendeu ainda o reforço da prevenção primária para cancros como o do pulmão e do cólon, sendo que no primeiro a medida passa por deixar de fumar e no segundo pela escolha de uma alimentação mais equilibrada.
Ao nível do cancro na traqueia, brônquios e pulmão, dados do ROR-Sul indicam que a incidência nas mulheres quase duplicou entre 1998 e 2009: de 6,86 para 12,46 por cem mil habitantes.
A taxa de incidência do cancro do cólon nos homens passou de 35,52 por cem mil habitantes, em 1998, para 43,58, em 2009. Nas mulheres, o aumento foi de 22,86 por cem mil habitantes, em 1998, para 25,64, em 2009.
Lusa