26 de agosto de 2014 - 14h04
Mais de 80% dos enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) estão hoje em greve para protestar contra a falta de profissionais (veja as imagens), que só nos seis hospitais daquele grupo ultrapassa os 400, revelou o sindicato do setor.
“Esta adesão superior a 80% corresponde às nossas expectativas, foi o que ouvimos dos enfermeiros: um enorme descontentamento, uma enorme vontade de aderir à greve e participar na concentração”, disse Isabel Barbosa, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Em frente ao Hospital de São José concentrava-se de manhã cerca de meia centena de enfermeiros, empunhando cartazes com escritos como “Menos enfermeiros, menos cuidados” ou “não à destruição do SNS” e gritando palavras de ordem como “Macedo escuta, os enfermeiros estão em luta” e “a saúde é um direito, sem ela nada feito”.
Só naquele hospital, a adesão à greve chegou aos 82%, acima dos 78% do Hospital Dona Estefânia e dos 79% do Hospital de Santa Marta e da Maternidade Alfredo da Costa.
Unidades com afesão de 90% à greve
Níveis de adesão mais elevados registaram os hospitais Curry Cabral e Santo António dos Capuchos, com 86% e 92%, respetivamente.
Segundo Isabel Barbosa, a principal razão da convocação da greve é a carência de enfermeiros e as consequências que daí advêm: encerramento de camas nos serviços, redução do número de enfermeiros para prestar cuidados aos utentes, milhares de horas acumuladas e centenas de feriados por serviço acumulados.
“Os enfermeiros não aguentam mais, precisam de tempo de descanso adequados, quer para a saúde deles próprios quer para a qualidade dos próprios cuidados prestados aos utentes. Portanto esta é uma greve não só para defender os direitos dos enfermeiros, mas para defender os utentes e o SNS [Serviço Nacional de Saúde] ”, desabafou.

A responsável sindical destacou a presença solidária de elementos do movimento de utentes dos serviços públicos e das comissões de utentes da cidade de Lisboa, como sendo uma prova da sua compreensão pelas ações de protesto desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem.
Quanto ao recente anúncio do ministro da Saúde, da intenção de contratar 400 enfermeiros até ao final do ano, o SEP considera que esse número é “claramente insuficiente”.
“Os 400 enfermeiros que dizem ser necessários para o país inteiro são necessários apenas para este centro hospitalar, para o funcionamento mínimo. Nos últimos dois anos saíram 253 enfermeiros, no conjunto destes 6 hospitais, já havia carência desde há dois anos atrás”, sublinhou.
O CHLC tem presentemente 2.300 enfermeiros em serviço.
Segundo a Ordem dos Enfermeiros, faltam cerca de 25 mil enfermeiros nos hospitais e centros de saúde de todo o país.
O Ministério da Saúde revelou recentemente que no primeiro semestre de 2014 foram contratados 409 enfermeiros, período em que se registaram simultaneamente 368 aposentações.
Além dos 409 contratos já autorizados em 2014, aguarda autorização do Ministério das Finanças “um número significativo de novas contratações” com entrada em funções no SNS prevista “para breve”.

Por Lusa