11 de fevereiro de 2014 - 10h22

Em Portugal mais de 100 mil pessoas estão infetadas com o vírus da hepatite C, a maioria sem o saber. Apesar de mortal, esta é uma doença com cura, embora a ausência de sintomas faça com que a doença só seja descoberta em estados muito avançados, com quadros clínicos de cirrose e cancro de fígado.

O número de casos de cirrose e de cancro no fígado está a aumentar em Portugal, avança o Correio da Manhã. Silencioso mas potencialmente destrutivo, o vírus da hepatite C não discrimina sexos, estratos sociais ou escalões etários.

A doença, muitas vezes associada a comportamentos de risco, não é exclusiva daqueles que caíram nas teias da toxicodependência ou dos que tropeçaram na prostituição. Os comportamentos de risco são apenas uma parte de um problema de saúde, cujas causas nem sempre são possíveis de apurar.

"Não se trata de uma doença dos toxicodependentes. De maneira nenhuma. É muito frequente em quem consumiu ou consome drogas mas não é exclusiva. Tenho pacientes freiras, médicos, enfermeiros, gestores de empresas, jogadores de futebol. Portanto, é transversal a qualquer estrato social", garante Rui Tato Marinho, hepatologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, cita o jornal supracitado.

"Em cerca de um terço das pessoas afectadas pelo vírus não é possível identificar como é que ocorreu o contágio", acrescenta o especialista em doenças do fígado.

As estimativas apontam para 100 a 150 mil portugueses infetados com hepatite C, a maioria dos quais sem conhecimento do seu estado de saúde.

De acordo com o presidente da subespecialidade de hepatologia da Ordem dos Médicos, "o número de casos de cirrose e de cancro no fígado por hepatite C está a aumentar porque as pessoas estão infetadas há já trinta ou quarenta anos sem saber, com um vírus de evolução lenta".

"Há vários medicamentos, alguns em investigação, mas outros que
já foram lançados há cerca de um mês nos EUA e aprovados em Portugal,
com taxas de cura próximas dos 95%. Neste momento, podemos dizer que a
hepatite C é uma doença curável", explica Rui Tato Marinho.

O diagnóstico da doença pode ser feito com uma simples análise ao sangue.

SAPO Saúde

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