Na semana da abertura dos Jogos Olímpicos, e numa altura em que aumenta a atividade física ao ar livre, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia lembra que é importante adotar medidas de proteção da saúde dos olhos durante a prática desportiva, pois as lesões oculares que ocorrem durante alguns tipos de exercícios podem ser graves e comprometer a qualidade da visão.

Segundo um estudo relatado na obra “Visão e Desporto” de João A. Capão Filipe, as lesões oculares que ocorrem durante a prática desportiva podem ser prevenidas. Em Portugal, o futebol de onze e de cinco e o traumatismo pela bola são responsáveis pela maioria dos traumatismos oculares, que ocorrem geralmente em jovens amadores não federados (50 por cento) que foram atingidos pela bola junto da baliza enquanto jogavam futebol como passatempo de fim de semana. Além do futebol, o ténis e o golfe são modalidades que podem ser particularmente perigosas pela velocidade e força com que as bolas são projetadas.

A análise de lesões oculares permitiram concluir que um doente que recorra a um serviço de urgência de oftalmologia com uma lesão ocular provocada durante um jogo de futebol, tem 75 por cento de probabilidade de apresentar uma lesão grave e mesmo que não haja hemorragia e a visão se mantenha normal, a possibilidade de ter uma lesão grave é elevada, pelo que com ou sem sintomas de alarme, qualquer ferimento ocular que ocorra durante a prática de um desporto deve ser observada por um oftalmologista.

De facto, todos os desportistas que sofram uma lesão ocular, com ou sem queixas, devem rapidamente ser observados por um médico oftalmologista, pois mais tarde é difícil estabelecer a ligação entre as doenças apresentadas e os traumatismos antigos. Por outro lado, todos os atletas que apresentarem uma doença ocular têm que ser reexaminados antes de voltar a competir.

O risco de lesão ocular durante a prática de um desporto é apenas a possibilidade de o olho sofrer um impacto com energia suficiente para causar lesão. O risco não está relacionado com a classificação dos desportos na categoria de colisão, contacto e não contacto. Tem sido demonstrado que o uso dos protetores oculares atualmente disponíveis reduz o risco de lesão ocular em, pelo menos, 90 por cento.

O principal obstáculo a um maior e mais difundido uso de protetores oculares é o desconhecimento e uma certa confusão por parte de todos os elementos ligados ao desporto – presidentes, atletas, diretores, treinadores, jogadores e corpo médicos – em saber quais os protetores que são mais eficazes.

Mas não são só as lesões que influenciam a qualidade da visão dos desportistas. Existem fatores físicos que podem intervir negativamente na performance visual durante a prática desportiva, como a fadiga, que pode diminuir a acuidade visual, a acomodação e o campo visual. A aceleração, as vibrações mecânicas e sonoras e a diminuição do aporte de oxigénio são também fatores a ter em conta.

Manuela Carmona, presidente da SPO, refere que “num ano tão ligado à prática desportiva como o de 2012, e numa altura em que o clima é propício a um aumento da prática desportiva ao ar-livre, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia considera fundamental alertar para a importância que a visão tem para o sucesso da prática desportiva, recomendando a todos os desportistas que vigiem a saúde dos seus olhos, visitando um oftalmologista regularmente, em especial na sequência de uma lesão ocular”.

24 de julho de 2012

@SAPO