A equipa de investigadores liderada pelo médico Alexandre Marques concluiu ainda que, da amostra estudada, 42% apresentava níveis insuficientes e que apenas 19% dos indivíduos apresentavam valores considerados suficientes.

"O estudo concluiu por uma taxa de deficiência muito elevada de vitamina D, semelhantes aos valores europeus, sendo que os maiores défices se encontram na população feminina", disse o responsável à agência Lusa.

Segundo Alexandre Marques, o facto de as mulheres terem um trabalho "mais fechado e em casa" pode explicar o facto de registarem maior deficiência daquela vitamina. "A carência de vitamina D é um problema real e muito prevalente e, atendendo às suas implicações clínicas, merece total atenção e capacidade de atuação de modo a melhorar os cuidados prestados à população", sublinhou.

A investigação pretendeu conhecer os dados "de influência e prevalência da vitamina D em Portugal, na população não institucionalizada", no âmbito dos cuidados primários de saúde.

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O estudo "A Vitamina D nos Cuidados de Saúde Primários, a importância do seu doseamento e a sua suplementação" envolveu um grupo de investigadores da USF de Condeixa-a-Nova e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Decorreu entre maio e outubro de 2016, aproveitando os meses com maior exposição solar, e envolveu uma amostra populacional de 329 pessoas, entre os 50 e os 70 anos, sendo que 172 (52,28%) foram mulheres e 157 (47,72%) homens.

Mulheres mais afetadas

Além de concluir que a maioria da população estudada apresenta níveis deficientes ou insuficientes, o estudo revelou também que existe maior percentagem de mulheres com níveis de deficiência comparativamente com os homens (53,49% contra 24,84%) e que não se notam diferenças entre "as pessoas mais novas ou com mais idade".

"Houve um aumento de vitamina D nos meses de verão, mas mesmo assim aquém do esperado", disse Alexandre Marques, referindo que se verificou uma maior suficiência no mês de setembro (30,36%) e menor no mês de outubro (14,29%).

Para o coordenador do estudo, o elevado défice daquela vitamina demonstrada no século XXI, deve-se, essencialmente, "à diminuição da síntese cutânea desta vitamina, em grande parte associada ao estilo de vida frenética das populações urbanas".

A maior fonte de vitamina D para humanos é a exposição solar "que está drasticamente diminuída, uma vez que grande parte dos indivíduos realiza a maior parte das suas atividades diárias em ambientes fechados", acrescentou Alexandre Marques.

De acordo com o médico, também a utilização de protetores solares reduz significativamente a absorção de raios ultravioletas e "têm contribuído para este fenómeno".