As farmácias da Região Autónoma da Madeira vão continuar a assegurar a venda de medicamentos a crédito, disse à Agência Lusa fonte oficial da Associação Nacional das Farmácias (ANF).

“Foi regularizada a situação”, adiantou a mesma fonte, sem precisar pormenores.

Por seu turno, a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais informou, numa nota divulgada ao final do dia de ontem, que “o valor de dois milhões de euros em dívida para com a Associação Nacional das Farmácias, referente ao mês de novembro, será transferido para a respetiva conta” na quinta-feira.

Na mesma nota, a secretaria esclarece que ficam assim “criadas as condições para que o aviamento de medicamentos aos utentes nas farmácias continue a ter a comparticipação no ato da compra”.

Na segunda-feira, a ANF publicou um anúncio na imprensa informando que as farmácias iriam deixar de dispensar medicamentos a crédito à população da Região Autónoma da Madeira a partir de quinta-feira.

De acordo com o anúncio, o Governo Regional da Madeira deixou de cumprir, em novembro, o plano de pagamentos acordado, “o que não permite às farmácias a manutenção da dispensa de medicamento a crédito”.

Na informação à população, a ANF indica que a dívida da Região Autónoma da Madeira é, neste momento, de 77 milhões de euros.

No mesmo dia, o presidente da ANF, João Cordeiro, revelou à Lusa que o Governo Regional indicou a falta de dinheiro como justificação para os atrasos no pagamento de medicamentos, pelo que foi determinada a suspensão do crédito à região.

“Foi dada a explicação de que não havia dinheiro”, afirmou João Cordeiro, que remeteu para o Executivo madeirense outros esclarecimentos sobre a justificação, tendo o Governo Regional mantido durante estes dias silêncio sobre esta matéria.

O presidente da ANF esclareceu que “no princípio deste ano chegou-se a um acordo, um compromisso em que o Governo Regional garantia o pagamento mensal de quatro milhões de euros, o que permitia recuperar a dívida em oito anos”.

“Aceitámos a proposta do Governo Regional e, lamentavelmente, agora em novembro o Governo já não cumpriu com esse compromisso”, referiu o responsável, defendendo que “a associação e as farmácias da Madeira viram-se na necessidade de tomar decisões sobre esta matéria, porque a alternativa seria as farmácias não terem medicamentos em ‘stock’ para abastecer os madeirenses”.

O presidente da ANF insistiu: “Se a associação não estivesse a garantir o pagamento às farmácias, substituindo-se ao Governo Regional, não seriam muitas, seriam todas as farmácias que estariam hoje sem medicamentos”.

João Cordeiro prometeu na ocasião que se até quarta-feira o Governo Regional pagar o estabelecido no plano a suspensão não é concretizada.

“Neste momento o que está em falta são dois milhões [da dívida atrasada] e têm que nos garantir que até ao fim do mês nos irão pagar os quatro milhões [deste mês]”, acrescentou à Lusa.

15 de dezembro de 2011

@Lusa