Filipa tem 7 anos, adora ler, está internada naquele hospital desde domingo e acaba de ser surpreendida com a visita da “Mala de Histórias”, que uma vez por mês vai encher de fantasia e de sonhos os utentes do serviço de Pediatria.

Na mala vão histórias que são lidas às crianças por duas técnicas da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, num ritual que se repete desde 13 de março de 2007.

“É diferente, muito giro, muito bom”, refere Filipa, que diz gostar de ler “um bocadinho de tudo”, tendo acabado há dias de “devorar” o livro de Miguel Sousa Tavares “O segredo do rio”.

O diretor do Serviço de Pediatria do Hospital de Famalicão, José Manuel Oliveira, não tem dúvidas de que a “Mala de Histórias”, além de incutir nos mais novos hábitos de leitura, também ajuda na recuperação das crianças ali internadas.

“Tudo o que seja pô-los em contacto com o mundo exterior é sempre uma boa ajuda”, sublinha.

Se a “Mala de Histórias” é uma visita mensal, já o “Carrinho de Livros” circula pelos corredores do hospital uma vez por semana, disponibilizando também revistas, jornais e filmes, que os doentes podem requisitar.

Segundo a diretora da biblioteca, Carla Araújo, a procura cifra-se, em média, em cerca de meio milhar de exemplares requisitados por ano.

“Este é um projeto de cultura solidária. Se os doentes não têm possibilidade de frequentar a biblioteca, é a biblioteca que vem ter com eles”, explicou, dando conta que o “Carrinho de Livros” começou a circular nos corredores do hospital em fevereiro de 1991.

Afiançou que alguns doentes que recorreram ao “carrinho” se tornaram, entretanto, utentes assíduos da biblioteca.

O presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, disse que estes projetos são uma forma de a biblioteca “se exportar”, prestando um serviço que “obviamente” o hospital não está em condições de assegurar.

O autarca adiantou que aqueles projetos permitem juntar o útil ao agradável, incutindo hábitos de leitura, sobretudo nos mais jovens, e proporcionando momentos de entretenimento num contexto de internamento hospitalar.

Vistos como “medicamentos para a alma”, os livros e histórias que a biblioteca ali leva não têm prescrição médica.

É cada doente que decide se os “toma” ou não e que define a respetiva dosagem.

“Eu preciso de muitos”, diagnosticou Filipa, que já decidiu que quando for grande quer ser médica ou veterinária.