2 de maio de 2014 - 12h11
A Liga dos Amigos do Hospital de Vila Real arrancou com um programa que está a levar os voluntários a casa dos doentes para prestar apoio social e emocional quer aos pacientes quer aos seus cuidadores.
A voluntária Maria Augusta Magalhães quebra o silêncio na casa de Maria da Conceição e Isildo Trindade, em Folhadela, concelho de Vila Real.
Ele está acamado, preso a uma doença neurovascular degenerativa, e ela está presa aos cuidados constantes que tem que ter com o marido de 84 anos.
Foi, por isso, com muita alegria que Maria da Conceição, 77 anos, abriu as portas à voluntária que agora lhe entra pela casa uma vez por semana.
A septuagenária aproveita estes momentos para descansar, conversar um pouco e desabafar. “Às vezes estou triste, incomodada, mesmo em baixo. Assim é um pouco mais fácil, mas é pouco tempo”, afirmou à agência Lusa.
Maria Augusta, 52 anos, ex-emigrante na Suíça e reformada, aproveita o seu tempo livre para ajudar os outros. Começou a visitar doentes na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e, agora, aceitou o desafio de ir à própria casa dos pacientes.
“Sentia que assim podia ser útil para as outras pessoas e, ao mesmo tempo, elas também serem úteis para mim”, salientou a voluntária. Maria Augusta gosta de arrancar sorrisos e gosta de distribuir carinho.
“Não sabia como a senhora me ia receber. Mas logo que entrei aqui fiquei à vontade e senti que nos íamos dar muito bem”, frisou.
O objetivo do programa implementado pela Liga dos Amigos do Hospital é prestar um apoio social e emocional aos pacientes mas também às pessoas que cuidam desses mesmos doentes.
Maria Augusta e Maria da Conceição passam o tempo que partilham a conversar da vida, do tempo ou da família. “Estou aqui para fazer companhia e tudo isto é recompensador”, frisou.
A idosa aproveita para fazer também uma pausa dos cuidados e da atenção constantes que o marido acamado exige. Os pacientes e cuidadores são referenciados pelas equipas da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC), que, neste caso, está inserida no centro de saúde de Mateus, em Vila Real.
O responsável pela UCC de Mateus, o enfermeiro Gabriel Martins, referiu que o utente Isildo Trindade está a ser acompanhado pela equipa há três anos e, segundo explicou, foi também a UCC que detetou a necessidade de Maria da Conceição ter mais algum apoio.
“Se não tivermos cuidadores eficazes não podemos ter o doente em casa.
E estes cuidadores muitas vezes só precisam de alguém com quem falar, desabafar e isso ultrapassa muitas vezes a intervenção profissional do enfermeiro ou do psicólogo, porque não se trata de um estado patológico. Trata-se de um estado de tristeza, de cansaço e isolamento”, salientou.
Para o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Douro Norte (ACES Douro Norte), Armando Vieira, os voluntários da Liga vão ajudar a “complementar o trabalho que já é feito” pelas equipas de médicos, enfermeiros ou assistentes sociais.
Por Lusa