“É preciso que, em Portugal, também se consciencializem que as leis não podem ser só escritas, têm de ser vigiadas”, afirmou Vítor Veloso, referindo que “não há vigilância em Portugal”, mas “tem de haver inspeção para que essas leis sejam devidamente aceites” e “cumpridas por todos aqueles que as devem cumprir”.

Vítor Veloso, que falava aos jornalistas a propósito, da 7.ª Conferência sobre Tabaco e Saúde, a decorrer até sexta-feira, no Porto, disse esperar que deste encontro resulte “um esforço conjunto para se conseguir melhorar a atuação em relação às tabaqueiras, que vão sempre à frente da legislação, sempre à frente da prevenção primária, vão sempre à frente dos fumadores”.

“Infelizmente, ainda temos muitos países da Europa que estão no vermelho [em relação ao consumo de tabaco] e não podemos esquecer que morrem, por ano, seis milhões de pessoas por causa do tabaco”, em todo o mundo, disse, salientando que Portugal, neste âmbito, está pela primeira vez “no verde”. “Finalmente, Portugal, embora na tangente, é representado já a verde [no gráfico dos países da União Europeia onde mais se fuma], o que quer dizer que conseguimos fazer um trabalho aceitável, que modificou a posição do nosso país”, referiu Vítor Veloso.

Seguindo explicou à Lusa, “há dois anos, quando o mesmo gráfico foi apresentado na 6.ª conferência, o nosso país estava representado a vermelho, porque ainda não tinha atingido os mínimos”. “Agora, embora de forma tangencial, passámos para o verde, o que efetivamente significa que temos feitos avanços em relação ao tabaco, tendo diminuído o consumo, o que se fez não só através da legislação, que é cada vez mais apertada, mas também pelas campanhas”, sublinhou.

Contudo, o presidente da LPCC salientou que há ainda um “longo caminho a percorrer” em relação à resolução dos problemas ligados ao tabagismo.

No encontro, que hoje contou, na sessão de abertura, com a presença do Presidente da República, da rainha Letícia Ortiz de Espanha, e do comissário europeu da Saúde e da Segurança Alimentar, discute-se, até sexta-feira, “como é que a União Europeia pode lutar em relação aos ‘inimigos’ que são, sem dúvida alguma, as tabaqueiras, que têm um poder político e económico superior ao dos países”, referiu Vítor Veloso.

15 passos para deixar de fumar

“É uma ‘guerra’ entre a legislação e a fuga que as tabaqueiras tentam [fazar] com as novas formas de fumo, para, camufladamente, fugir a essas leis e a essas exigências. Exemplo disso são os cigarros eletrónicos”, sustentou.

O presidente da LPCC defendeu, por isso, “a necessidade de alterar a legislação que, atualmente, só consagra determinados tipos de fumo”.

Nas declarações que prestou à Lusa, Vítor Veloso lembrou que “o tabaco é responsável por 90% dos cancros de pulmão e é responsável também por 20 a 30% de todos os cancros nas diferentes localizações”.

Um novo estudo da Organização Mundial de Saúde alerta para o impacto “sem paralelo” do tabagismo na saúde pública e os investigadores avisam que as doenças associadas ao tabaco são responsáveis por quase 6% dos gastos mundiais em saúde, num total de 400 mil milhões de euros.

O objetivo desta conferência é mobilizar os cidadãos, tornando‐os mais conscientes e capazes de melhorar a sua saúde, promovendo e apoiando políticas de controlo do tabagismo na Europa e no Mundo.

“Como o impacto do tabaco na Europa e no mundo ainda é devastador, é de extrema importância que o controle do tabagismo seja atualmente uma prioridade de agenda”, considerou o presidente da LPCC.