23 de setembro de 2013 - 13h55

Investigadores da Universidade Miguel Hernández (UMH) de Elche (Espanha) demonstraram pela primeira vez o envolvimento de uma proteína, o recetor canabinoide de tipo 2 (CB2), nos efeitos aditivos da nicotina.

O estudo, publicado na revista científica “Neuropsychopharmacology”, pode abrir novas possibilidades terapêuticas para o tratamento desta dependência.

O catedrático de Farmacologia da UMH Jorge Manzanares dirigiu o estudo, no qual colaborou a equipa do professor do Departamento de Psicobiologia da Universidade de Valência José Miñarro e do professor do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona Rafael Maldonado, indica um comunicado da UMH.

Os investigadores analisaram em ratos de laboratório diferentes aspetos relacionados com a adição à nicotina, como os efeitos do ambiente, a capacidade dos ratos de autoadministrarem nicotina (reforço e motivação para o consumo) e a síndrome de abstinência.

Também identificaram várias alterações cerebrais ligadas às mudanças observadas nos estudos de comportamento.

O mecanismo de viciação quando se consome nicotina não é conhecido com precisão, mas tem sido sugerido que alguns circuitos do cérebro podem desempenhar um papel importante no aumento do desejo de consumir a droga.

Jorge Manzanares assinalou que “os ratos sem o recetor CB2 (CB2KO) não mostraram qualquer preferência pelos ambientes associados à administração da nicotina” e não foram capazes de realizar a tarefa necessária para a autoadministração da droga.

O mesmo foi observado em ratinhos tratados com o fármaco AM630, que bloqueia a ação dos recetores CB2.

“Estes resultados sugerem que estes recetores desempenham um papel crucial na regulação dos efeitos da nicotina no cérebro”, disse Manzanares, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

Lusa