Um grupo de investigadores está a estudar os efeitos na saúde dos idosos da qualidade do ar interior em 57 lares de 3ª idade de Lisboa e do Porto, no âmbito do projeto GERIA, que vai ser apresentado hoje.

O projeto, que vai ser apresentado no Porto, teve início em março e estará concluído em 2015, disse, em declarações à Lusa, João Paulo Teixeira, responsável da Unidade de Investigação do Departamento de Saúde Ambiental do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que coordena o estudo.

Segundo o responsável, o objetivo principal deste estudo consiste em avaliar a relação entre a qualidade do ar interior e a saúde em populações suscetíveis, promovendo a qualidade de vida nos idosos residentes em lares da 3.ª idade.

Numa 1ª fase, disse, “são estudados 23 lares no Porto e 41 em Lisboa”, através da caracterização dos edifícios (tipo de construção, isolamento, práticas de ventilação, etc) e da realização de inquéritos de saúde e qualidade de vida aos utentes.

Depois, numa 2ª fase, adiantou, desses 57 lares “serão escolhidos 20, onde se pretende monitorizar a qualidade do ar e realizar testes clínicos aos utentes, como colheitas nasofaríngeas para deteção de vírus”.

A equipa de investigação deste projeto, promovido pela Unidade de Investigação do Departamento de Saúde Ambiental do INSA, tem como parceiros a Faculdade de Ciências Médicas e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e os laboratórios do Porto e de Lisboa da Unidade de Ar e Saúde Ocupacional do INSA.

De acordo com dados estimados da população a estudar no âmbito do GERIA, existem 1.574 pessoas a viverem nos 57 lares do Porto e 3.646 idosos nos 95 lares de Lisboa, sendo que o estudo abrangerá um total de 657 residentes.

Este estudo, salientou João Paulo Teixeira, assume especial relevância este ano, já que 2012 é considerado o Ano Europeu dedicado ao envelhecimento ativo.

Para o coordenador, o estudo da qualidade de vida do idoso ocupa um lugar de destaque na sociedade devido às alterações demográficas.

“A idade média da população europeia está a aumentar e as estatísticas apontam para que a população adulta com mais de 65 anos aumente de 16 por cento em 2000 para 20 por cento em 2020”, disse.

João Paulo Teixeira referiu ainda que esta franja da população “passa cerca de 19/20 horas por dia em ambientes fechados, o que a torna mais vulnerável a complicações de saúde”, uma vez que “a concentração de poluentes é entre dez a 20 vezes superior do que na rua”.

O projeto representa um investimento de cerca de 200 mil euros, financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

19 de julho de 2012

@Lusa