Segundo o Instituto de Inovação em Saúde (i3S), o prémio foi atribuído pela organização europeia ECCO – European Crohn’s and Colitis Organisation, que tem como principal missão a melhoria dos cuidados de saúde de doentes com DII, em todos os seus aspetos através de diretrizes internacionais para a prática clínica, educação, investigação e colaboração na área da DII.

“A missão da nossa equipa de investigação é usar uma abordagem multidisciplinar, desde a investigação fundamental, até à validação pré-clínica e clínica de estratégias terapêuticas racionais para a inflamação, e em particular para a DII”, esclarece a investigadora Salomé Pinho.

Este projeto resulta da colaboração entre o i3S e o serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António (CHP), em particular com a unidade de DII, coordenada por Paula Lago.

A doença inflamatória intestinal engloba a doença de Crohn e a colite ulcerosa, doenças crónicas do trato gastrointestinal que resultam de uma resposta inflamatória exacerbada no intestino dos doentes afetados. Trata-se de uma doença altamente debilitante e incapacitante com elevado impacto social e económico.

Apesar dos recentes avanços nas estratégias terapêuticas disponíveis para o tratamento da DII, uma grande percentagem de doentes permanece não responde ao tratamento convencional, e cerca de metade dos doentes não consegue atingir remissão ou controlo sustentado da doença. As questões relacionadas com os efeitos secundários de alguns medicamentos e a ineficácia da resposta terapêutica que existe apontam para a necessidade de medicamentos mais eficazes e específicos.

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“Ao longo dos últimos anos a nossa investigação tem-se focado na identificação de novos mecanismos moleculares da doença que possam ser alvos específicos de novas terapias. Recentemente, identificámos que doentes com DII apresentavam uma deficiência na composição de açúcares nos linfócitos T intestinais (publicado na revista Human Molecular Genetics 2014) e que essa deficiência promovia uma resposta imunológica exacerbada no intestino. A partir desta evidência temos vindo a desenvolver métodos experimentais que permitam reparar e corrigir a deficiência de açúcares nos linfócitos T e desta forma controlar a resposta inflamatória do intestino", explica, em comunicado, a investigadora do i3S.

Nesta altura, sublinha Salomé Pinho, “temos evidências experimentais que apontam para o facto de estarmos perto de uma nova formulação terapêutica na DII com resultados promissores no controlo da inflamação intestinal e severidade da doença”. Foi por “esta evidência clara do potencial de transferência do conhecimento para melhoria da qualidade de vida dos doentes” que a ECCO distinguiu a investigadora.

A European Crohn´s and Colitis Organization (ECCO) reúne mais de 3000 experts em DII e agrega cerca de 36 estados membros do Conselho da Europa promovendo colaborações com outros países além da Europa.