14 de junho de 2013 - 09h28
O investigador português da Universidade Católica e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Pedro Oliveira lidera uma equipa que está a desenvolver uma rede social onde os utilizadores poderão partilhar o que aprenderam quando estiveram doentes.
A rede social vai estar disponível no endereço "patient-innovation.com" no início do verão, garantiu hoje o investigador, e poderá ser acedida pelo Facebook através de uma aplicação que está em desenvolvimento.
A plataforma terá um sistema de tradução automática para várias línguas e permitirá duas opções de pesquisa, por doença e por sintoma.
Neste momento, os pacientes ligados a instituições convidadas, de cinco países, estão a inscrever-se e a partilhar informação "para que a plataforma não seja lançada vazia", explica Pedro Oliveira.
Em Portugal, foram contactadas a Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, a 'Raríssimas', e a Associação Protetora de Diabéticos de Portugal (APDP).
A rede social baseia-se no princípio da inovação pelo utilizador, uma área que Pedro Oliveira estuda no MIT desde 2010, com Eric von Hippel, o grande especialista mundial no tema.
O investigador português explica que "há um número impressionante de inovações que não foram desenvolvidas pelas empresas ou pelos laboratórios, mas pelos utilizadores."
"Quando se pesquisa as coisas que tiveram sucesso, é supreendente quantas delas foram criadas pelos utilizadores", diz, dando os exemplos de objetos simples, como a bicicleta de montanha e de tecnologias complexas, como a World Wide Web, o sistema de documentos hiperligados disponíveis na internet.
"Na nossa investigação, percebemos que há muitas soluções terapêuticas e tratamentos médicos que foram desenvolvidos pelos pacientes", diz Pedro Oliveira, acrescentando que "os pacientes estão sob grande pressão para vencer a doença e isso dá-lhes muita motivação para inovar."
O professor dá o exemplo de um inglês que tinha um problema na artéria aorta e, como era engenheiro, desenvolveu uma válvula que foi implantada com sucesso pelo seu médico em 2005. Entretanto, a mesma válvula já foi utilizada por outros 30 pacientes em todo o mundo.
Cerca de 50 pessoas estão envolvidas no projeto, distribuídas por instituições e universidades de seis países: Alemanha (HHL Leipzig e Universidade de Erlangen e Nuremberga), Áustria (Universidade de Innsbruck), Itália (Universidade de Roma) e Brasil, além de Portugal (Universidade Católica e Instituto de Medicina Molecular) e Estados Unidos (MIT e Universidade de Carnegie Mellon).
O projeto conta com financiamento da fundação alemã Peter Pribilla, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e dos programas de parceria entre Portugal e as Universidades de Carneggie Mellon e do MIT.
Lusa