21 de maio de 2014 - 09h39
A descoberta é essencial para o desenvolvimento de novas terapias com células pluripotentes induzidas para doenças neurodegenerativas, como o Parkinson.
Um estudo desenvolvido no centro de investigação em células estaminais da Universidade de Cambridge, em colaboração com o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), identificou pela primeira vez que o complexo NuRD – complexo que regula a forma como o DNA é lido em diferentes células – é extremamente importante para transformar células adultas em células pluripotentes induzidas (iPSCs).
As iPSCs são geradas a partir de células adultas através da adição de genes associados ao estado embrionário. Estas adquirem assim a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de tecido do corpo humano, sem a necessidade de destruir embriões, requisito para a geração de células estaminais embrionárias. 
Esta técnica foi criada em 2006 pelo Japonês Shinya Yamanaka que, em conjunto com o Inglês Sir John Gurdon, foi galardoado com o prémio Nobel da Fisiologia e Medicina em 2012 por esta descoberta.
O investigador do CNC Rodrigo Luiz dos Santos, coautor do artigo publicado na prestigiada revista Cell Stem Cell, explica que este estudo descobre "como aumentar a eficiência de geração de iPSCs, abrindo novas perspetivas para o futuro da medicina personalizada", lê-se em nota de imprensa. 
Células 100 por cento compatíveis
"Atualmente, os transplantes são feitos com células provenientes de um dador, obrigando o paciente a passar o resto da sua vida a tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição. Como as iPSCs são criadas a partir de uma biópsia do paciente, este problema é ultrapassado, já que as células que serão futuramente transplantadas são 100% iguais às do paciente", frisa.
No futuro, as iPSCs poderão ser utilizadas no tratamento de várias doenças, como por exemplo, doenças neurodegenerativas, já que "podem ser diferenciadas (transformadas) em células neuronais e corrigir patologias como Parkinson. Estas células facilitam a criação de modelo de doença humana em laboratório, possibilitando igualmente o desenvolvimento de novos e melhores fármacos para diversas patologias", esclarece o investigador associado ao CNC.

Na pesquisa, desenvolvida ao longo dos últimos quatro anos, foram usadas células de pele e de cérebro de ratinhos. 
Através de técnicas de modificação de DNA, os investigadores verificaram que sem o complexo NuRD, a eficiência da geração de iPSCs é extremamente reduzida.
Por outro lado, aumentando artificialmente a atividade do complexo NuRD, a eficiência da geração de células pluripotentes induzidas aumenta de forma muito significativa.
Por SAPO Saúde