29 de abril de 2013 - 17h14

O investigador canadiano Peter St. George-Hyslop venceu o Grande Prémio BIAL de Medicina/2012, no valor de 200 mil euros, com um trabalho que abre novos caminhos no diagnóstico e tratamento das doenças neurodegenerativas, atualmente incuráveis, como o Alzheimer.

A investigação liderada por St. George-Hyslop estabeleceu a base para um diagnóstico precoce destas doenças e para estratégias clinicamente viáveis.

Em declarações à Lusa, o presidente do júri dos Prémios Bial/2012 e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), António Sousa Pereira, disse que “a decisão foi unânime”, referindo tratar-se de um investigador com “um trabalho sólido e imenso na área das doenças neurodegenerativas”.

“Foi uma surpresa ver alguém com um currículo daquele calibre a concorrer. O seu trabalho representa um abrir de portas à compreensão de doenças que vão ser cada vez mais frequentes com o envelhecimento da população”, considerou.

Peter St George-Hyslop explica que “a investigação conduzida nas últimas décadas forneceu estratégias muito promissoras para novas terapias”.

“Temos esperança de que se conseguirmos travar o processo de desenvolvimento destas doenças numa fase muito inicial, mesmo antes do aparecimento dos sintomas, será possível controlar e tratar a doença de Alzheimer”, sublinha o investigador.

Para Peter St. George-Hyslop “a prevenção pode ser a chave para o sucesso na abordagem terapêutica destas doenças" pelo que "é urgente concentrar atenções no impacto que estas patologias terão na sociedade e, assim, influenciar positivamente as autoridades para a prestação de melhores cuidados aos doentes e seus cuidadores e para mais investimentos para a investigação”.

Professor de Neurologia, diretor do Centro para a Investigação de Doenças Neurodegenerativas da Universidade de Toronto e docente de Neurociências Experimentais na Universidade de Cambridge, Peter St. George-Hyslop conta com extenso trabalho de pesquisa em torno da compreensão das causas e dos mecanismos moleculares que conduzem àquele tipo de doenças, tais como Alzheimer, Parkinson e Demência Fronto-Temporal.

O Prémio BIAL de Medicina Clínica 2012, no valor de 100 mil euros, foi atribuído ao investigador José Cunha-Vaz, presidente da Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, pelo seu trabalho “Retinopatia Diabética: novas perspetivas para um tratamento personalizado”.

O trabalho agora distinguido apresenta dados relevantes para o diagnóstico precoce e melhor caracterização das fases iniciais da Retinopatia Diabética, complicação ocular mais grave associada à diabetes mellitus. Esta investigação abre novas portas para a prevenção e terapêutica personalizada dos casos de perda de visão associada à Diabetes.

A edição Prémio BIAL 2012 atribuiu ainda duas Menções Honrosas a dois trabalhos de investigação distintos, da autoria de Manel Esteller, Diretor do Programa de Epigenética e Biologia do Cancro do Instituto de Investigações Biomédicas de Bellvitge, em Barcelona, e a Pedro Medina, da Universidade de Granada. Em comum, apresentam o facto de se centrarem nos fatores genéticos associados ao cancro

Desde a sua criação em 1984, o Prémio BIAL já analisou 580 obras candidatas e mobilizou 1315 investigadores, médicos e cientistas. Em quinze edições, distinguiu 231 autores, 91 obras premiadas, e distribuiu gratuitamente pela classe médica e científica 35 obras premiadas, num total de mais de 300.000 exemplares.

Considerado um dos prémios de investigação científica de maior prestígio a nível mundial na área da Saúde, a edição Prémio BIAL 2012 recebeu 62 candidaturas, 44 provenientes de Portugal e 18 de equipas de investigação internacionais (Espanha, Brasil, Itália, Alemanha, Canadá, Grécia e República Dominicana).

A cerimónia de entrega dos prémios vai realizar-se a 14 de Maio no ICBAS, no Porto.

Lusa