19 de setembro de 2013 - 12h31
O INESC Porto anunciou hoje integrar um consórcio internacional que está a desenvolver uma ferramenta para prever o resultado estético das cirurgias ao cancro da mama, ajudando as mulheres a escolher entre as diferentes opções de tratamento.
Designado PICTURE (Patient Information Combined for the Assessment of Specific Surgical Outcomes in Breast Câncer), o projeto reúne o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC Porto), o University Medical Center Leiden (Holanda), a University College London (Reino Unido), o King’s College London (Reino Unido) e a Philips (Alemanha).
O objetivo é “desenvolver um protótipo de uma ferramenta que permita prever qual será o aspeto da mama depois de submetida a uma cirurgia conservadora”, refere o INESC, em comunicado.
“Para além de tranquilizar as pacientes acerca dos efeitos cosméticos a longo prazo da cirurgia, a ferramenta poderá ser usada para avaliar os resultados de diversas opções terapêuticas. Desta forma, poderá ser um importante contributo para as discussões entre médicos e pacientes relativamente à melhor opção de tratamento – clínica e esteticamente – para cada paciente”, explica.
Adicionalmente, a ferramenta “tem potencial para apoiar os cirurgiões na otimização aspetos relacionados com a cirurgia, tais como o tamanho e localização da incisão, por forma a minimizar as alterações na aparência da mama”.
Conforme salienta o INESC, a taxa de sobrevivência de 10 anos ao cancro da mama excede, atualmente, os 80%, pelo que “os efeitos de uma intervenção cirúrgica na autoimagem desempenham um papel fundamental para a recuperação emocional e psicológica de uma mulher”.
Com as ferramentas desenvolvidas no âmbito do PICTURE, as pacientes terão um “papel mais consciente na decisão do processo terapêutico”, sentindo “mais controlo sobre o próprio tratamento, o que lhes transmitirá segurança e permitirá melhorar os resultados visuais”.
É que, nota, hoje “estima-se que, para 30% das mulheres submetidas a uma cirurgia conservadora, o resultado estético não é o desejado”.
Para o efeito, o consórcio internacional responsável pelo PICTURE propõe-se desenvolver técnicas de modelação biomecânica baseadas em fotografias a três dimensões e em exames de diagnóstico comuns (como mamografias, ecografias e ressonâncias magnéticas) para criar uma representação digital da anatomia da mama.
Uma vez desenvolvida, a ferramenta protótipo será validada através de dados fornecidos voluntariamente por pacientes que já foram submetidas ao tratamento do cancro da mama.
“O cancro da mama é cada vez mais uma doença tratável, mas muitas mulheres viverão vários anos com as consequências da sua terapia. As alterações no aspeto da mama podem ter um impacto muito significativo na sua autoestima e no seu dia-a-dia, mas não existia até agora uma forma objetiva de avaliar o resultado estético de um tratamento ao cancro da mama”, refere a médica Maria João Cardoso, investigadora no INESC TEC e cirurgiã chefe na Unidade de Cancro da Mama da Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Com a duração de três anos, o projeto PICTURE ficará concluído em janeiro de 2016 e conta com um financiamento de 2,15 milhões de euros do 7.º Programa-Quadro da União Europeia.

Lusa