De acordo com Ana Raimundo, oncologista médica no IPO do Porto, "o tratamento do melanoma avançado é um desafio, sendo necessária a utilização das terapêuticas mais eficazes para o controlo desta doença e melhorar a sobrevivência dos doentes. O pembrolizumab, um anticorpo anti-PD-1 que estimula o sistema imune dos doentes, foi aprovado pela EMA (Agencia Europeia do Medicamento) em julho de 2015 para o tratamento dos doentes com melanoma avançado, em primeira linha ou previamente tratados".

"Antes da aprovação e utilização destes novos agentes, a sobrevivência mediana dos doentes com melanoma avançado situava-se entre os 6 e 9 meses. As taxas de sobrevivência ao ano e 2 anos eram cerca de 25% e 10%, respetivamente", adianta a médica especialista.

Os dados dos estudos que compararam o pembrolizumab com outros agentes aprovados com a mesma indicação (quimioterapia e ipilimumab) revelaram uma superioridade em termos de resposta e sobrevivência, e com menos toxicidade, tendo conduzido à sua aprovação. "Esta medida "vai permitir a sua utilização com ganhos para o doente", frisa Ana Raimundo.

"Dados apresentados recentemente mostraram que cerca de 55% dos doentes estavam vivos aos 2 anos apos início do tratamento (2mg/kg a cada 3 semanas). Um outro estudo com um seguimento mais longo, mostrou uma sobrevivência mediana de 24.4 meses. Os dados de segurança, mostraram um perfil de toxicidade consistente e manejável. Deste modo, podemos concluir que os resultados dos vários estudos confirmaram a real eficácia do pembrolizumab, com respostas mantidas ao longo do tempo e com um benefício significativo na sobrevivência dos doentes, culminando com a sua aprovação para utilização pelos hospitais do SNS", comenta.

Sobre os ganhos desta aprovação quer no que respeita ao doente, quer no que se refere ao SNS, a médica indica que "vários estudos publicados revelam que a incidência do melanoma tem crescido exponencialmente nos últimos 30 anos. E este tumor afeta doentes mais jovens, com impacto numa faixa etária mais jovem, afetando significativamente a atividade laboral e vida familiar, resultando num impacto social mais marcado".

"A utilização de fármacos mais eficazes, como o pembrolizumab, com respostas superiores e mais duradouras, vai permitir diminuir o impacto familiar e social deste tumor tão agressivo. Esta aprovação vai permitir o acesso mais célere ao fármaco garantindo uma melhor eficácia, com ganhos em saúde para o doente e para a sociedade, salvaguardando a sustentabilidade do SNS", conclui Ana Raimundo.

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