O  incumprimento da medicação é hoje reconhecido como o factor determinante para o aumento da morbilidade e mortalidade, redução da qualidade de vida, aumento dos custos médicos e excesso da utilização dos serviços de saúde para os doentes transplantados. A não adesão pode ser uma causa directa de 21% de todos os insucessos da transplantação e 26% das mortes pós transplante. Uma problemática frequente em doentes transplantados, com um prevalência média de 25%, ou seja, um em cada quatro casos.

“A medicação assume um papel fundamental no sucesso do transplante. O doente não pode, em condição nenhuma, modificar ou interromper a terapêutica indicada pelo médico sob pena de rejeição ou mesmo falhar os exames de rotina. Uma única falta pode ser fatal para o sucesso do transplante,“ explica Dr. Domingos Machado, Director do Serviço de Transplantes do Hospital de Santa Cruz.

Os níveis de adesão podem variar muito ao longo do tempo, sendo essencial considerar-se a temporalidade e frequência do incumprimento. Após o transplante, os doentes apresentam geralmente uma boa adesão nas primeiras fases, a não ser que não sejam devidamente informados e educados no que se refere ao tipo de medicamentos e da patologia.

Após o primeiro mês, os doentes podem começar a apresentar uma não adesão ocasional (falham uma ou duas tomas por semana, ou não respeitam o horário das tomas). Nos meses seguintes alguns casos podem apresentar uma não adesão intermitente, que se pode tornar em persistente e total (geralmente algum tempo após o transplante e relacionando-se com os efeitos secundários dos fármacos e com a sensação de imortalidade reforçada por muito tempo sem problemas de saúde).

Um dos principais problemas apontados para a falha na toma é o esquecimento. Tacrolimus é o princípio activo mais recente no mercado para o tratamento de doentes transplantados. Graças ao desenvolvimento e melhoria da forma farmacêutica , o Tacrolimus liberta-se lentamente da cápsula ao longo de várias horas. Este desenvolvimento da forma farmacêutica vai permitir que o fármaco seja tomado pelo doente apenas uma vez por dia e, consequentemente, que o tratamento seja mais cómodo.

Actualmente, Portugal possui uma das maiores taxas de doações a nível mundial: 31 por cada milhão de habitantes. Portugal é ainda líder mundial no transplante de fígado e o segundo país na colheita de órgãos. Em 2009, realizaram-se nos hospitais portugueses mais de mil transplantes, o que significa um aumento de 8,2% em relação a 2008. Em 2009, foram realizados 47 transplantes cardíacos, 595 renais, 255 de fígado, 11 de pulmão, 20 de pâncreas, 755 de córnea e 423 de medula.

2010-10-18