Metade da população institucionalizada em Portugal sofre de incontinência urinária, uma condição que, pelos contornos que assume, continua a ser tabu no país, perdurando uma taxa de apenas 10% no que respeita à procura de ajuda.

No âmbito do Dia Mundial da Incontinência Urinária, que se assinala amanhã, dia 14 de março, a TENA promove um concurso de montras alusivas ao tema, nas farmácias portuguesas, bem como uma ação de esclarecimento online em formato “live”, no conhecido fórum Pink Blue, com o intuito de chegar aos vários públicos afetados pela condição, fazendo o alerta geral de uma necessidade urgente de combate ao estigma existente.

Recentemente eleita representante europeia da Associação Internacional de Uroginecologia (IUGA), a especialista Teresa Mascarenhas reforça o alerta à população: “Pela primeira vez, em 37 anos de existência da IUGA, foi eleito em Portugal o representante europeu. A par da importante distinção para o país, há um reconhecimento muito grande do trabalho que os nossos profissionais têm efetuado na área da incontinência urinária e que, infelizmente, nem sempre é acompanhado por uma redução do constrangimento em torno da mesma”.

A negligência ou tentativa de esconder o problema, muitas vezes associada a um sentimento de pudor, é frequente na população afetada, e transversal às várias faixas etárias que abrange. De acordo com a especialista, “esta é uma condição com grande prevalência nas mulheres (30%), pela própria influência do parto vaginal na propensão à existência de algum grau de prolapso (descida das paredes vaginais e do útero), um dos principais responsáveis por situações de incontinência.

Este problema ainda não observa por parte de todos os profissionais de saúde a visão holística que exige, contribuindo para um aumento do desconforto e vergonha da mulher que com ele sofre”. Uma vida ativa e tranquila não está, contudo, fora do alcance destas pessoas, que têm cada vez mais e melhores soluções à sua disposição. Nos casos mais graves, o próprio recurso a uma cirurgia pouco invasiva apresenta já uma taxa de 90% de sucesso.

Por outro lado, e embora menos abordada, a incontinência urinária tem vindo a assumir uma maior expressão no masculino, afetando hoje 1 em cada 10 homens. No seu caso, a condição surge geralmente associada a uma idade mais avançada, impondo como necessária uma atenção redobrada ao problema por parte dos familiares e prestadores de cuidados de saúde em instituições.

12 de março de 2012

@Lusa